DISCURSO DO URSO
DISCURSO DO URSO
Bateu-lhe o sol no rosto já madrugava
Anunciando uma paz, quase divina
Governar para todos era sua pesada sina;
Olhou dormida esposa q’ muito amava
Pé ante pé, deslizou sorrateiramente
Sem acordar Peludo, seu fiel companheiro
Cão de raça, um fino Castro Laboreiro
Igual ao dono; não era de arreganhar’ dente
Apreciou-se ao espelho, último modelo
Duas quatro seis rapadelas na cara
Que a sua rala barba, era rara
E suspirou; vale q’ainda há muito cabelo!
Preparou nutritivo pequeno-almoço matinal
Coisa pouco vista num governante
Q’ao contrário doutros comprava o andante
Passeando de metro c’os netos no Natal
Sibilou desafinado, Povo Que Lavas no Rio
Enfrentou a secretária cheia de papéis
Uma caixa de prata onde guardava os anéis
Exclamou; vou ter de gramar o frio
À sua volta negro silêncio absoluto;
Estava em véspera dum novo ano novo
Queria preparar’ discurso pró povo
Onde pedira a todos que despissem o luto
Cabia-lhe a terrível missão de motivar
Todos os pobres, especialmente os ricaços
Q’ mais valia dividir a enfrentar os embaraços
De uma convulsão civil pronta a estalar
_ Caros cidadãos, gente desta nação
Vivemos momentos de grande dificuldade;
Digo-vos, e falando como presidente
Lutarei em defesa dos que mais sofrem
Que por eles especialmente me candidatei!
No ano q’ inicia combaterei a corrupção;
Pugnando que se fale a verdade
Utilizando linguagem q’qualquer um entende
Concorrendo pró sentir de q’ todos podem
Ter esperança; somos um país com lei
Dois mil e dezoito, correu veloz o tempo
Ninguém chegou a escutar semelhante discurso
Seguindo a vida inexorável o curso
Contra mares tempestades, por vezes só vento
Rezará a história q’ o homem era um visionário
Aprisionado pelos vícios do sistema;
Coitado morreu velho ‘povo não sentiu pena
Mas murmurava: Não passava dum vigário!
Cito Loio
28
a 30 de Setembro 2011
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