sexta-feira, outubro 28, 2011

NÃO PARARÁ DE TOCAR

28-10-2011
(58º aniversário)



NÃO PARARÁ DE TOCAR

Ousei pintar numa tela imaginária amplo salão
Pincelando um encerado palco giratório
Espalhando no ar mil colunas estereofónicas;
Atravessei o corredor – palmas da plateia!

Ao fundo em trono de rainha, estendeu a mão
Piscar de olho, um vem! – Fui, por ser obrigatório
Conceder-lhe tangos em valsas sinfónicas;
_ Ao pegar numa nova tela senti de poeta a veia

Escrevi os corpos em rodopio, retoquei o esboço
Sua mão no meu ombro, a minha à sua cintura;
Colei-me ao rosto, fez-se silêncio nessa altura

Num passo doble evitei cavar-se sombrio fosso
Entre o quadro imaginado, e o desejo forte
De te perpetuar em verso, para além da morte

Cito Loio

quinta-feira, outubro 27, 2011

Acordo do Alvor..!


 
Espero que apreciem este conto, senhores dos “Acordos” do Alvor...

NUNCA DISSEMOS ADEUS

Mil novecentos e setenta e um, batiam as 18 horas da tarde, chegava a casa vindo de mais um treino no Clube de Ténis de Luanda, sito nos Coqueiros paredes-meias com o Sporting Clube de Luanda, onde a convite do meu amigo Cadavez e treinador da selecção de andebol do Liceu Nacional Salvado Correia onde também jogava, aceitei treinar na equipa de basquetebol dos lagartos, para tristeza dos meus primos que eram militantes e jogadores da equipa do Benfica de Luanda, que viria a ser campeã nacional.
 
Preparava-me para um torneio de ténis no escalão sénior, que se iniciava no sábado, estando convicto alcançar as meias finais ou mesmo a final, dependendo do lado do quadro em que o sorteio colocasse Daniel de Freitas, o melhor de todos e meu treinador.

Nesse tarde chegara mais cedo que o costume trazido pelo pai do meu colega e parceiro de pares Daniel Costa, que mais tarde e já em Portugal viria a ser treinador de João Cunha e Silva. Antes de me dirigir a casa passei logicamente pela pastelaria Kitanda a inteirar-me da malamba – parecia estar tudo fixe; uma cola, três dedos de parlaié e bazei para o kimbo

Estranhamente a porta de entrada da vivenda estava fechada, caso raro, porque Dona Albertina só fechava a porta que dava acesso ao jardim da frente quando se ausentavam todos, incluindo o Tadeu Trindade; este não era muito de fiar porque se a patroa lhe desse largas metia no quarto do meu pai um dos engates de rua. Se a curiosidade mata o rato a mim deixou alerta; a vivenda onde morava a minha tia Alice, casada em segundas núpcias, já quarentona, com o meu tio Gordo, também se encontrava encerrada. Não me apercebi de qualquer alarido indicando que a moribunda guerra ultramarina tivesse renascido e muito menos na zona do asfalto.

Entrei, sentei-me na sala sem sequer subir ao primeiro andar; passados cerca de dez minutos ouvi bater na porta das traseiras – era uma das vizinhas, dona Linocas Vinhais, que com um ar de infelicidade e a custo lá foi tentando explicar o que era fácil prático e rápido de dizer: Cito, o teu avô morreu.
Estremeci, senti os olhos emudecerem, uns lábios darem um beijo, uma mão afagar os cabelos. Já sentados no sofá, puxou-me até me deitar a cabeça no seu colo. Foram longos os minutos, tão longos que os ponteiros do relógio pareciam usar bengala a cada volta. Mesmo que fossem breves segundos, o meu pensamento voou à velocidade que o cérebro conseguia trazer ao consciente tudo o que de mais grato guardara do velho; principalmente as patifarias que lhe fazia na casa grande, a da grande gajajeira.

Passaram horas, descera a noite há muito, quando a minha avó e os seus filhos noras sobrinhos-netos bisnetos chegaram a casa. Olhei para a sua cara, e a fisionomia não apresentava qualquer alteração que não fosse a expressão normal, quando não havia festança. Nada se passara, estranho, numa mulher que já comemorara as bodas de ouro, que se vestira de virgem no casamento, os únicos homens que conhecera nus fora o marido, os irmãos mais novos quando lhes dava banho, os filhos e o sacaninha do neto.

Nem uma lágrima vertera na morgue segundo me disse a minha prima Belinha; viera a casa tomar banho, vestir-se de luto e regressar para a vigília ao mesmo tempo que dizia ser o jantar servido às oito em ponto. Percebi mais tarde que efectivamente aquela mulher, já para além dos setenta anos, mãe de cinco filhos vivos do mesmo pai, não dissera adeus ao seu marido, apenas um até já. Depois do jantar, dei a entender que queria ir com eles até a igreja – fui proibido com um não. Só mais tarde consegui compreender a sua atitude.
A vida decorreu normal a partir do dia seguinte ao que se realizou o funeral que teve lugar no cemitério do bairro Miramar, destinado aos e Combatentes da Grande Guerra de 14 a 18 contra a Alemanha; nesse fim-de-semana o torneio correu-me mal, não atinava com as linhas, com a altura da rede, e a cor branca das bolas pareciam pombas tolas. 

Passaram os anos e fui crescendo, fazendo-me homem nos intervalos duma saudável loucura de fim de juventude, até ao dia em que vesti uma farda dum exército que lutava a favor da manutenção da guerra dita colonial, já terminada naquelas bandas, apenas prolongada para justificar a permanência dos militares da Metrópole e das regalias e mordomias obtidas com as campanhas feitas nas messes de sargentos e oficiais, até ao dia que em Portugal meia dúzia de capitães entenderam colocar um ponto final no Marcelismo.

Entráramos em mil novecentos e setenta e cinco, as Acácias mantinham-se inalteráveis as pessoas abalavam os cães ainda latiam o Tadeu Trindade metia-se em sarilhos policiais, e eu, jovem adulto envergava diariamente um par de calas azuis, uma camisa branca com dobrados, e dormindo bastas vezes no monta-cargas em plena placa do aeroporto Craveiro Lopes situado ao cimo da Avenida Lisboa, com início no largo da Maianga passando pela morgue, e sem contar as horas

Por vezes deslocava-me de Mercedes 230 S outras de Cortina – o meu amigo ‘Barrabás’ tipo afável e de barba cerrada, dera-me como paga numa jogatina de poker, a doer, um Escort 1300; como fazia muito chinfrim, sobretudo de madrugada quando regressava ao lar ou dava uma saltada ao ainda aberto Flamingo na esquina da recta que antecedia a ponte da Restinga, deixava-o no parque de estacionamento do prédio da CUA frente ao largo Maria da Fonte, onde tinha um ‘apartment’ para a desbunda. Dele vias as palmeiras da Marginal duma Luanda que se entristecia, e que pareciam impávidas perante o descalabro que se adivinhava dia a dia, talvez emudecidas perante o choque de perspectivarem a traição a que assistiam do alto das suas copas, ao mesmo tempo que desde sua casa, Albertina via partir filhos netos familiares e os amigos que como ela tinham navegado em direcção a terras africanas – três filhos estavam já em Portugal restando Manuel o ‘Lei’ e José o ‘Gordo’, exactamente o mais velho e o mais novo dos filhos homens. Apenas restávamos quatro, excluindo os familiares por parte da família da nora, Carmito
Manuel ficara por causa da empresa e duma sepultura; José pensando que a metrópole não lhe daria condições de vida satisfatórias, e sempre tendo emprego como redactor no jornal Diário de Luanda, decidira que só regressaria a Portugal se a mãe falecesse dado que esta se negara a abandonar Angola; tinham a certeza que nada de mal lhes poderia acontecer por causa duma ‘independênciazinha’ que estava à vista. Eram Angolanos de coração e mestiços por afinidade.

Naquela noite de Julho, eu jantava em casa; estivera uma semana em trabalho de ‘Chefia de Escala’ no Terminal de Carga do aeroporto da cidade de Lobito. Contei quatro à mesa, se bem que por vezes desse para perceber só três ou nenhum, quando o pensamento voava para coisas que magoavam – ausências que agora provocavam maior dor. Olhei a minha avó, vi-a envelhecida sem que tivesse dado conta até então; era um daqueles netos, como quase todos os do meu tempo, que quando tomávamos consciência a nossa avó já era velha, e para nós meninos desabridos no calor da cidade, os velhos não envelhecem – e pronto. Mas estava, e mais que os olhos era o coração que mo dissera, por também me sentir envelhecido aos 22 anos, traído e esgotado pelas cenas ‘holocausticas’ que assistia diariamente no ‘átrio do aeroporto’, onde se amontoava entre farrapos, alguns ‘farrapilhas’ ao lado de muta gente boa e honesta.

A minha vida familiar ecoava à velocidade das torrentes lamacentas que no início da década de sessenta desciam das bandas da Vila Alice até à avenida Sá da Bandeira, e entravam em enxurrada elo quintal dentro – para azar do meu falecido avô a nossa casa fazia gaveto e levava com tudo, até com penicos; com ela via partir amigos e familiares, outros desaparecendo na neblina dos Movimentos de Libertação que o exército português mandado ir da metrópole para substituir os que lá estavam e eventualmente não estivessem para goladas de estado, reabilitara – começava a sentir-me jovialmente sozinho!

O meu avô chegara a Angola oito anos antes da minha avó; quase uma eternidade o tempo em ficara que ainda nova só e com cinco filhos, quatro deles menores, a que somava aos quatro anos mais desde que o marido falecera _ meia dúzia de anos, nada é quando se leva 78 a fazer num próximo 8 de Novembro, assim pensava eu, provavelmente por ainda desconhecer as dores duma ossada ao levantar pela manhã.

O jantar começou à hora de sempre, com excepção da consoada, e naquele momento vendo que ninguém faltava, dos vivos, fiz a pergunta que guardara nos últimos anos.

_ Mãe, nunca a vi chorar nem na morte do meu avô! Nem uma lágrima um adeus! Que sentia por ele?

Silêncio absoluto; daria para escutar os sinos da Igreja Sagrada família se acaso ainda tocassem nessa altura, anunciando a destruição de todas as bíblias do universo. Silêncio nunca visto, sem cor, sem voz.

O meu tio olhava-me estupefacto, e se o cachimbo estivesse na boca o homem ter-se-ia engasgado. O meu pai parecia ter escutado a Abertura 1812 de Tchaikovky e antes que interviesse, por ter demorado, talvez procurando as palavras certas a dirigir a um filho que já não era propriamente um imberbe, Albertina, mãe dele, fez-lhe sinal para não falar, apenas com o olhar. África toda estava dentro do meu peito, não me dando conta, nem eles, que aquela mulher já enterrara parte da sua alma no chão duma terra que tomara como sua, e há muito decidira que o seu corpo ficaria junto ao do seu marido. O olhar lançado ao filho mais novo era inequívoco; a pergunta fora-lhe dirigida, e nunca lhe reconheceria o direito de julgar os seus próprios sentimentos. Respondeu-me sem olhar.

_ Lágrimas só se vêm quando os olhos as mostram e adeus diz-se aos que partem para sempre...

Olhei os dois homens sentados comigo à mesa; podia escrever uma série de adjectivos caros classificando-os, daqueles que se vai ao dicionário procurar se quisermos dar uma de eruditos, mas só uma frase passeou pelo meu cérebro – ‘caras de parvo’. Albertina já encerrara o compêndio da filosofia e numa frase explanara toda a ciência empírica das suas sete décadas de vida; ela própria filósofa e psicóloga na criação dos filhos netos bisnetos e afins, doutorada em dor, historiadora da guerra contra a ausência.
Aquela minha única avó era verdadeiramente a minha mãe, a maior das minhas mães, mãe a dobrar a triplicar elevada à infinita potência. Rompera-me a tampa do caixão onde sepultara durante anos a dor da orfandade; pela primeira vez dera conta que à minha mãe carnal nunca lhe diria adeus, porque aquela suspendera a sua vida para tratar do ‘filho’ em lugar de uma mulher que a incúria dos homens matara. Numa dissera adeus porque nunca permitira que partisse para sempre.

No seu prato vi uma batata cozida e um pouco de brócolos; Albertina raramente comia peixe e desde a morte do marido nunca mais comera carne. Nunca lhe perguntei sobre aquele tipo de alimentação. Com um sinal, respeitando o silêncio, deixei entender a necessidade de me ausentar e ela anuiu, num encolher de ombros.

Subi ao primeiro andar e já no meu quarto deixei ecoar ela casa um berro alucinante seguido duma triste gargalhada. Ninguém se levantaria da mesa a ver o que se passara – ela não o permitiria; sabia porque sentira que cada abraço, cada beijo, cada reprimenda que me dera, trazia aportado uma cor morena, e um calor que alguma mulher me daria por longa que fosse a minha vida. O significado da palavra mãe não o encontraria no dicionário ou nas fotos das barrigas de grávidas. Fora-me impresso na pele.

Era uma noite de cacimbo, estando no entanto ameno o tempo. Julho depressa se esgotaria, Setembro anunciara-se ainda mais triste, não querendo prometer o início do verão, a vida quase insuportável, o trabalho atingira o zénite da minha capacidade, as provocações anunciaram-se e com elas a dúvida. No entanto a vida para Manuel, José, e sobretudo Albertina continuava inexoravelmente pacífica. Havia muita gente que os defenderia; para mim a situação degradava-se à medida que Outubro avançava, não me passando pela cabeça que o fim estaria no virar duma curva, ao anoitecer, no regresso dum ‘muceque’ ou na bala duma G3 das FMA’s! 

A pressão interna no aeroporto e fora dele era notória, mas o cumprimento do dever estava acima de diferendos ou de agressões verbais. Novembro, estava a caminho...
Já noite, cheguei a casa por volta das 19 h, hora do relógio do carro; queria tomar banho mudar de roupa, por ter mais um voo para carregar, o tempo escassear e ter programado não voltar antes das oito da manhã seguinte. Estranhei ver o carro de ‘tio’ Nuno, director de carga da TAAG lá em casa e àquela hora, mas mais estanhei o meu saco de lona na sala. Não me deram tempo para pensar o que teria acontecido. Nuno Viegas Vaz estendeu-me a mão sujeitando uma passagem de avião sem destino, para o voo da meia-noite e meia, e um frase apenas.

_ Não digas a ninguém que embarcas hoje nada de telefonemas nem à chegada, que alguém te contactará pessoalmente dentro de dias.

Rapidamente passou-me pela cabeça mil e um cenários, afastados de pronto para não cometer nenhuma loucura. Sabia as razões daquela partida apressada, a vontade de ficar mas também a certeza que não me deixariam, pelo menos vivo. Olhei para os presentes e perguntei se ‘havia tempo’ de tomar banho; já que deixava a minha terra ao menos que fosse de corpo lavado, pois a alma estava completamente ensanguentada. Demorei pouco mais de cinco minutos a descer do quarto.

_ Levo o Escort, estaciono-o no parque público do aeroporto; se o roubarem também não levam grande coisa. Vou rápido, ainda tenho muitas paletes para carregar no ‘meu voo’.

Peguei no saco, olhei pela última vez aquela casa como se quisesse fotografar cada milímetro de parede, ao mesmo tempo que me dirigia para saída. Não conhecia o significado de saudade, apenas de ausência. Sabia que não podia dizer adeus, que essa palavra só se diz quando alguém parte de vez. Albertina tinha 78 anos e sentada no seu cadeirão apenas abanou com a cabeça um sim!

Nunca mais nos veríamos nunca mais falaríamos, nunca mais nos tocaríamos; mas aquele amor era indestrutível – nunca diríamos adeus.


Adolfo Inácio Castelbranco d’ Oliveira
Porto 25 de Outubro de 2011

quarta-feira, outubro 26, 2011

Senhor Primeiro Ministro...!


Passos Coelho Só vamos sair da crise empobrecendo
Esta afirmação é tão evidente q' nem me dou ao trabalho de contra argumentar, ou não viesse ela dum 1º ministro democraticamente eleito...!
 CRIMINAL GANÂNCIA
 Fantástico ver um rio d’ água correr para o mar
Baleias elevando-se nas águas, c’ se a voar
O desenho acrobático de um beija-flor
Traçando pulsar do coração ao compasso do amor

Que beleza pisar o leito de um ribeiro desassoreado
Crianças banharem-se em qualquer lado
Belíssimas mulheres desnudarem-se de felicidade
_ Tu e eu, fingindo-nos perdidos na cidade

Lindo ver meninos saudáveis, semi-nus correndo
Atrás de cuidadosas raparigas, gemendo
Gritinho de pavor; anda vem tu não me agarras!
Maravilhoso saber q’ há tigres com garras

Mas dói na alma fotos duma África desnutrida
Ladeada de luxúrias, proveito da ganância desmedida
Entre rios de sangue batucadas de miséria!
Sortes imperiais, gente ostensivamente pouco séria

Sim agonia-me o fausto impudor dum capitalista
Organizando corporações de oportunistas
Que tudo comem, tudo matam, assaz impiedosos
Em privado, fazendo chalaça c’ a desgraça dos idosos

Ó império, ó mundo cruel que já te não reconheço
Diz qual o valor ou s’ acaso tens o preço
Que teremos a pagar para saciar criminal ganância
De gente q’ nada é por nada ter sido na infância


Cito Loio

terça-feira, outubro 25, 2011

Só lavados com água de malvas...!


Verificamos infelizmente q' os eleitos se mostram afinal indignos do Voto recebido

Podem argumentar o que quiserem mas esta novela das subvenções, reformas vitalícias, rendas de casa e outros 'ouros' que tais, deu-me arrepios; mas ao ver na TV o que ao povo português foi dado presenciar ainda foi pior; senti NOJO

Agora já são uns senhores não sei das quantas que (num rebate de consciência) também vão renunciar aos tais apoios, mas só o estando a fazer depois da Média e das Redes Sociais botarem a boca no trombone

Ou seja: Se não viesse a público esta miséria, continuavam calados a meter o $$$ ao bolso perfeitamente cagando (não encontro outro termo) para a crise, para o país e  desgraçados que nem dinheiro têm para comer. Isto não é atitude de políticos; é de saqueadores


Face à porca miséria decidi elogiar Bocage,,,
 
COM ÁGUA DE MALVAS

Que ofensa terei feito à porca da poesia
Para gramar c’ poetizas de fraldas
Chorando-se, donzelas de dia
À noite lavando-a com água de malvas

Diz-me tu Cícero, grande poeta do Sado
Do falar e bastas vezes até do cagar!
_ Fará a prostituta maior pecado
Que os proxenetas q’ o andam a mamar?

Tua mudez ab-roga qualquer desconfiança;
Vergonha? Nem as reais donzelas
Que de dia passeiam a rata pelas vielas!

Mostram a peida e raramente a pança
_ Ah meu Bocage incompreendido!
por ser como tu virá o dia q’ serei fodido.


Cito Loio

segunda-feira, outubro 24, 2011

Menos puta que as senhoras...!




TANTOS Q’ RASGOU

Havia de se apaixonar por uma ex donzela
Prima de uma megera de fraco bordel
Seu cunhado, um proxeneta das avenidas;
O Irmão! _ Futebolista do secundário
... (Saiu um grande cabrão!)

Não havia ao largo mais esquisito que ela
Cançonetista de desamores e cantos de mel;
Vagueava entre as estrelas perdidas
Recheando a canto sem definir o preçário
... (Chiava ao cantar fado canção)

Chamavam-lhe ‘Madalena Sempre Aberta’
Dada a incertos, jovens e outros q’ tais;
Quantos desvirginou nas matas dos quintais!

Desapareceu com ela toda uma grátis oferta
Não sabendo se continua com devaneios
Q’ valeram um título de ‘rasgadora de freios’!

Cito Loio

domingo, outubro 23, 2011

O virus de Portugal...!

Oxalá que este país melhore, curando-se da doença provocada pelo terrível vírus "Mercadus!"


SENTIMENTO PUERIL

Saqueiem todos subsídios aumentem impostos
cortem nos apoios, diminuam regalias – já!
disparem pró rabo que o buraco é de origem

_ Para filho da puta...hum, filho e meio!
vou matar-ma trabalhar para ficarem c’ remorsos;
decidido está q’ a minha reforma será doada

Meus bens serão entregues às ‘público privadas’
o sangue, transmutado para salvar um ministro
esperma, ah! – ‘évidement’ coisa congelada
para q’ mais tarde o país não o tenha a governar
no século vinte e dois um perfeito imbecil;
_ Ave-maria, deixai-me rezar antes q’ vá de caixão

Assim não será q’ há muito vivo nos esgotos
carregando tijolos, uma casa q’ minha nunca será!
a deles à janela, a amante outrora virgem

Venderei de mim tudo, e de tudo o que me alheio
sobrará espalhado por montes e destroços
uma altivez sem cartão de cidadão – conservada.

E se nada de mundano tiver quando pegar asas
meu corpo definhado mostrar um ar sinistro
o q’ restar desta alma servir somente para nada
deixarei em versos o q’ a mim se não quis dar;
_ perceberão dos livros o sentimento pueril
e o amor profundo, q’ me conduziu em revolução
  
Cito Loio

sábado, outubro 22, 2011

Inverno no Outono...!

Estamos no Outono mas hoje fez Inverno em Portugal

Em 1975 a 11 de Novembro, assistia ao Enterro dum Império com a entrega de Angola ao MPLA; definitivamente o Povo português através dos seus governantes reconhecia não precisar das províncias ultramarinas depois de 5 séculos, 2x e meia mais que o tempo em que os Americanos estão no Continente (chamado americano!!!)
 

36 anos depois, assisto a outro enterro, desta vez ao da DECÊNCIA, e que passa, na TV (eu vi e ouvi) pelas declarações do PM em resposta a comentários feitos legitimamente pelo mais Alto Magistrado da Nação Portuguesa, Sua Ex.ª o Senhor Presidente da República, quer se goste ou não dele. (pessoalmente no like)
Não há tradução, nem ninguém me venha com conversas que... bom não era isso que estava subentendido nas afirmações, as expressões e palavras devem ser analisadas no contexto, ou sejam lá que justificações se queiram dar, a verdade é que o PM afirmou que o PR era:

INTELECTUALMENTE DESONESTO, E IRRESPONSÁVEL.


FUNERAL DUM IMPÉRIO

Sem tiros, um bruaá nas ruas cenas d’ alegria
Engalanava-se o povo em alamedas de festa
O hino passara a samba, ‘tanta gente pá’
Venham mais cinco ter c’ a malta, amigo vem
Que matámos os vampiros em vila morena

Fascinam-se os filhos da madrugada, fantasia
Sem distinguir o ruim do que não presta;
Gritos! Camaradas proletários ao poder, já!
Com abraços e beijos; afinal tinham mãe
Ao contrário doutros, q’ viviam num dilema

_ Não há farra que sempre dure
Caramelo que não derreta
Broca que chão não perfure
Aldrabão que não conheça peta

Longe nascia o medo trajado de insegurança
Desconhecedor de reformas sem cautela
Tanto mar pá! – Ó Chico nem ideia
Das enxurradas de lágrimas, chagas sentidas
Por pais avós, até cães na ponte da debandada

Esfregavam as mãos por encherem a pança
A sua revolução não fora uma balela
Diferente vê-se d’ antiga guerra da Crimeia
Mas as forças do mal foram batidas!
_ Rompia uma nova e muito estranha alvorada

_ Uns bailavam, outros, certo q’ não
Partindo discos, abaixo o fado
Que nascia duma velha, nova nação
Kalinka! Todos despiram o fato

Cresciam nas boîtes as crianças ao desatino!
Morrendo milhões numa África selvagem
Sem arquitectura, ao construíram uma ponte
Destruíram os pilares da fraternidade;
Gritou-se, ouviu-se, morte ao colonialista!

Nem todos tiveram análogo destino
Consumidos na inusitada e sórdida voragem;
Liquefazia-se o alcatrão esgotada a fonte
Graves insultos e morte à solidariedade
_ Vai prás tua terra – séus bráncô faxista

_ A terra é tua por milhões de anos
Mas nunca te dirão ou saberás
Quantos e sangrentos enganos
Enclausurará a história, por detrás!

Sem lágrimas longe dos cenários da guerra
Traiçoeiros despedaçavam o cordão umbilical
Que ligava tantos séculos de história
Um povo várias lingas duma incómoda nação!
De nada adiantando batalhar com afinco
Contra vontade de parte do povo português

Turvava-se o céu caía a penumbra na terra
Disfarçada nos acordos, venceria o mal
Catapultando gente p’ uma miséria sem glória;
Século vinte dez de Novembro de setenta e cinco
Falou-se do grande Império, pela última vez

Cito Loio
2011/Outubro
(intemporal)

sexta-feira, outubro 21, 2011

É mesmo...!


VIDA ODIDA

Vejo passarem-me diariamente tantos à frente
Atropelos, cotoveladas – q’ merda de gente!
Doze horas de suplício, sempre em pé!
Lá se vai misturando gente fina com a ralé

Sente-se nauseabundo cheiro, execrável!
Saída do trabalho para um Metro indispensável
Num vira q’ toca sound music, muito suor!
Podia ser confrontado com uma merda maior

Cito Loio


quinta-feira, outubro 20, 2011


20 de Outubro 
Dia do Poeta
Um pema cantado








quarta-feira, outubro 19, 2011

Dois homens sós...


Há Poemas que não necessitam de interpretação, definem o ser ou não ser, fomos ou não, que mochila carregamos no rincon del alma.
Poemas, destruindo-nos eleva-nos ao mesmo tempo ao templo dum Olimpo que queremos atingir. Dizem, e disse Pessoa, que o Poeta é um fingidor!
Nada mais imbecil esta afirmação quando se reporta ao que a alma leva e não consegue esconder. Fingimento é um defeito, uma atitude pré-estudada, um processo desvirtuado do crescimento enquanto seres humanos verticais - podemos fingir sim, escrever o que não sentimos, vender 2 quadras e 2 tercetos, receber por eles 10 ducados e 3 vinténs, mas jamais receberemos a paga pelas lágrimas que vertemos à beira rio, à beira mar...os peixes não pagam para ler!

 
QUE DE MIM NUNCA TENHAS DÓ

Virei a vida lançando petardos coloquei-a do avesso
Fui entre cabarés gastando o tempo, travesso
Numa adolescência sem contabilizar as carícias
Sempre presente, q’ viriam da humanidade sevícias

Corridos quarenta anos, ribombou por fim a explosão
Falou meu pai, soltou granadas do fundo do coração
Dela, sem dizer nome, disse pela primeira vez
_ És como tua mãe, Deus ma tirou mas igual vos fez!

Rebentaram todos os diques duma emoção contida
Cativei o riso sarcástico, respondi d’alma perdida;
_ Tenho dela a cor e um temível brilho no olhar
esta força q’ te ampara e nunca conseguiste domar!

Dez segundos, na sala estalou um silêncio absoluto
Murmúrio das primeiras notas duma sinfonia de luto;
Longe, olhando o mar para lá do Farol de Leça
Vi dois golfinhos bailando – actores da mesma peça

_ Sim, talvez tivesse sido esse tal Deus que ma levou!
a ti viúvo te fez mas apenas a mim órfão deixou!
igual a ela, a mesma carne mesmo sentir mesmo jeito
as mesmas virtudes, seguramente o mesmo defeito

...este nobre estorvo, o de morrer pelo amor do amor
mirar meninos pobres e sentir por eles tanta dor!
oferecer lágrimas para regar hortas da adversidade;
mataram cedo, permitindo tu, a minha mocidade

...destruíram quadros pintados no meu pensamento
e nunca desta boca escutaste algum lamento!
fiz-me homem no deserto, e morrerei como tu – só!
de igual modo exijo q’ de mim nunca tenhas dó...




Cito Loio

(Poema para dois homens sós)


Sim, foi num rincon da alma, que Lei guardou esta canção, e no meu guardei as asas para um dia voar até ela,,,

Doidos e varridos,,,


 
 
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terça-feira, outubro 18, 2011

Escândalo...!


Quando o Ministro das Finanças ontem (17/10) anunciou ao País algumas das medidas do OGE para 2012 com vista unicamente a satisfazer as exigências dos Mercados, ao mesmo tempo em que a Alemanha propunha a redução da dívida da Grécia em 50% (sabe-se lá quem tem os tubos entalados com a crise grega), escutou-se na vizinha Espanha este GRITO.........!!!

Ministros...quem os compra!


Senhor Primeiro-ministro, e repare que o estou a tratar por senhor, francamente não gostei de ouvir o seu Ministro das Finanças

Sabe porquê? Faz lembrar aquelas pequenas ondas à beira mar...do seu mar português não do meu mar Lusitano.

Enrola demasiado...e quando o mar enrola na areia...quem se lixa é a Nação



Com maleitas...!




ALÍVIO PRÁS MALEITAS


Se o amor for o mais audível hino dum País
Nunca se morrerá por falta de carinho;
Há amores com ramada caule e raiz
Q’ nunca nos trairão, seja qual for o caminho

Poderemos viajar de norte para sul
Rasgar montes de um caliente rio Duero
Sair na foz dum Tajo, vestidos de azul
Cantando amor mío viene ya, ó me muero!

Mas se nos derem pouco mais q’ dolor
Olvidamos essa palavra mágica, pundonor
Procurando na diáspora alívio prás maleitas

Mais tarde, chegados outra vez malas feitas
Em braços abertos, chegou a salvação
Veremos q’ afinal nada cambiou na nação!


Cito Loio

domingo, outubro 16, 2011

A usted señora...!




VOLTARÃO A SOAR TROMBETAS

Porque será que sinto um sossego profundo
Quase igual ao tido em setenta e três!
Uma paz perto do divino, choro em lamento,
Grito, detonações, matraqueares de sons familiares

Porque me ocorrem imagens q’ não confundo?
Espreitar-me-á a morte, mas desta vez
Diferente no refrão, causa símil no sofrimento
Cúmplice duma voz amada, luta sem fardas militares!

Ganha casa um pressentimento já frio e austero
Voam em meu redor folhas de uma revolução
Baionetas pontiagudas; são o duro aço da traição

Revejo todos os manuais de guerrilha e espero
Que soem trombetas no céu, esgares de dor
E nada me prenderá a esta vida; só ao teu amor!

Porque retumbaram trombetas, e o sorriso de Schi
Impeliu-me a voltar à vida – desde que te vi!


Cito Loio
(Intemporal)

 
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