. Socratiando saiu do prédio ia apressado Num tipo de passo atlético, e bem ligeiro Estavam em causa, as coisas do Estado Ou não fosse ele dos ministros o primeiro . Tomou um pequeno-almoço, e saboroso Sem café, para os seus nervos preservar Queria estar bem calminho, bem garboso Quando chegasse a vez, de parlamentar . E no caminho preparou todos os dossiers Sabendo o quanto difícil lhe seria a função Que o aguardava certo opositor santinho Pouco esperto, do tipo bonequinho cagão . Entre as folhas e as páginas ia meditando Nos problemas que lhe dariam outra OPÁ E que por muita força, e nem se hesitando Tirava-lhe a vontade de tomar, uma copa . Tinha chegado já, ao pomposo parlamento Chatice, que todos teria de cumprimentar Entre uns sorrisos acolá, e ares de lamento Até de um secretário licenciado em bajular . E lá estava uf, o “coelhones”, todo bonecão Preparado para o tango ou um passo doble Uqe em socratina opinião era um “macacão” Arvorando-se como candidato a título nobre . Eis que toca a pomposa e marcelina sineta Anunciando sonora que o recreio terminara Que estavam todos já armados com canetas E ainda não era chegada a hora de reformar . Eia que entra “gamasas” em primeiro lugar Que sabia como mais ninguém daquele ofício Era distinto, inflexível, jamais se podia negar Para além de doutorando na gestão do vício . Com uma boa tarde, senhores, e senhoras Deu início à sessão, aos profícuos trabalhos Que já o País se desesperava, e eram horas De por de lado jogatinas com certos baralhos . E começa um ministro, com certa exposição Sobre uma empresa que haviam de proteger Pede para gastar os impostos a bem da nação Porque os nossos amigos, não podem perder . “Caríssimos deputados, tal como seria óbvio Teremos total apoio dos nossos concidadãos Aproveitemos o futebol, como se fosse ópio Para mais uma vez enchermos o rico coirão” . Palmas, aplausos nas bancadas da oposição prevendo no disparate grande oportunidade de sair do galinheiro, tomar o lugar do papão e dar tachos aos amigalhaços da irmandade . Não concordamos, diz o jovem “bernadiscos” Que a empresa é do povo avante camarada Abaixo a ditadura toca o mesmo vira o disco Que as massas populares não vão na jogada . Senhores deputados as varinas são amigas Não é justo ir até às lotas sem comprar nada Gastar bilhões nos navios, e “submarinhas” E agora esconder do povo mais uma golpada . E entre cochicho aqui, telefonema disfarçado Lá se foram gastando as horas do Orçamento Deixando para outro dia “o” assunto adiado Que discussões ó, davam vida ao parlamento . Ia intervir o “primeiro” qu’está em tod’a parte Sabia mais de venda da banha que não dobra Que um médico já reformado sabe dum enfarte Não fosse, exímio vendedor de banha da cobra . Ó senhores deputados, e senhoras deputadas Nós crescemos bem e acima da média europeia E com trancas á porta depois da casa roubada Sem ser preciso “tangar” ao acaso, volta e meia . Lutámos a favor da destruição do estado social Perdão meus senhores queria dizer para salvar Uma conquista da abrilada, num dia sem igual E vêm vocês, oposição, o zé povão querer lixar . Estalou a confusão dentro daquela casa de paz Que o presidente “cavacadas” teve de promulgar Um diploma que legalizasse, aquele diz que faz Pois ao povo assim governado, resta-lhe pagar . Vai da discussão à risota o estado está na tanga E com os “meninos” a viverem tamanha galhofa Um dia não tarda vai daí, o zé-povinho se zanga E pr’a salvar o País só a Padeira de Aljubarrota.
Cito Iniciado em Lisboa, terminado no Porto Agosto 2010 |