domingo, abril 30, 2017

FALTA DE MIM


Última vez que escrevo no mês de Abril de 2017. Decidira não o fazer mas, com tantas coisas boas que acontecem e chegam até nós pela CS restou compensar o pessoal que me lê especialmente quem não aderiu ao jogo Baleia Azul, razão para pedir aos nossos jovens que se deixem de patetices e se tiverem problemas, peçam a um estranho que passe por eles na rua e contem-lhes o que vai na alma.






FALTA DE MIM


Hoje sentei-me a apreciar “As 2 faces da lei”
um filme com Al Pacino e Roberto de Niro
recuperando ‘magnetismo pela Sétima Arte 
que parecia há muito ter-se já esgotado.

Percebi imediato gostar do silêncio da noite,
dos zumbidos de abelhas, voos de zangões
sons intermitentes de grilos tagarelas ,
bater de asas de pombas com penas brancas
cantar de poleiro de um galo do vizinho
ou ganidos de uma cadela de raça minorca
que ladra só quando vê fugir ‘assaltantes
e mija bem no centro da tampa do poço.
_ e gozo com copos vidro cheios de Coca-Cola,
ir ao super mercado mais perto de casa
piscar o olho às meninas da charcutaria,
sentar-me num banco da Loja do Cidadão
ressonar, enquanto espero a minha vez,
admirar o altar e vitrais duma velha Igreja 
acenar às campas rasas de fora do cemitério 
rodar esquinas evitar entrar nos velórios,
findar o dia sentado num muro da câmara,
e apetecendo, beber uma chávena de café
entre 2 dedos de prosa com amigos do peito
dos que ainda de mim se vão lembrando,
alisar com as mãos um pedaço de papel 
e escrever coisas que nem para mim têm nexo,
poemas que afloram o “negócio da prima”, 
Gata Borralheira, contos do arco da velha,
ouvir na telefonia Chevalier, Brel, Mathieu,
Sarita Montiel, JManuel Serrat, Patxi Andión 
Domenico Modugno, Nicola Di Bari, Albano,
e numa pausa olhar fotos, gajas nuas e boas,
mesmo sem dentadura que dê para ‘morder.
- Pelo-me ainda por uma Funjada, quiabos,
coxas de frango assado e molho de Gindungo,
calçar um par de ténis, usar fatos de treino,
olhar ao espelho e escapando-me um sorriso
dizer “Bolas companheiro ainda estás vivo!”
- Especialmente gosto que não me chateiem
com perguntas sabidamente disparatadas
tipo <és do Sporting do Porto ou do Glorioso,
vais à manifestação contra ‘governo chinês
ou, estás de acordo com o acordo ortográfico>

A quem me levar ‘sério digo, gosto de dormir, 
mas certamente e muito mais de acordar,
ver-me de volta ‘apreciar coisas simples da vida
razão porque ora já não sinto falta de mim.



Cito Loio
Iniciado a 29/4/2017
Terminado a 30 de Abril 

sábado, abril 29, 2017

COM MOLHO DE PIRIPIRI

COM MOLHO DE PIRIPIRI


Acobertada do frio executa passos de dança apresentando o rosto um trejeito estranho. Alinhavo palavras, genuíno apontamento, registo em notas dum passado presente revendo-o nas sombras dispersas pelo soalho. Um passo atrás, ao lado, um outro e avança, em rodopio, e vendo que não me acanho arremessa-me soprado beijo. – Paro o tempo, rebobino os anos em que estivera ausente, jogo a caneta contra o chão; _ e não falho!

Esgotado, resisto, teimo e não adormeço baixa a temperatura, vejo o silêncio que impera no corredor vazio, discreta hospedaria. Fora uma voz ilustra um tango argentino ao compasso de rateres de um Alfa Romeu. Inerte jaz na mesa-de-cabeceira um endereço.

Pago a conta, evito rubricas nome e apelido; _ pelo número 12 os ponteiros do relógio avisam já descer a tarde solarenga. - Mudara o mês e rua fora cruza-se a tristeza com o tráfego, buzina estridente uma travagem repentina.

Corrida uma década não desaprovo o acontecido, e envolto num perfume, sinto que me pisam. Uma mulher elegante fala-me em inglês; _ Hello Nacho! Quase atingido por um látego julguei-me ante alucinações ou uma troça divina.

No passeio em frente o letreiro duma pensão. Tremeluzindo o astro-rei que já se punha desdobrou os lençóis com cores do arco-íris, e a noite fez-se aparecida a pedido da lua.

Passou a Primavera, fez-se anunciar o Verão. Da janela, apreciando carros em cunha saboreio um fino camarões com molho de piris, e sorrio pois esta história bem pode ser a tua.


Inácio
28/4/2017

sexta-feira, abril 28, 2017

PELAS BRASAS ATÉ AO DIA MUNDIAL DO TRABALHADOR

PELAS BRASAS



Resolvi escrever este conto, um que nunca mortal algum imaginou que pudesse e tivesse capacidade para realizar tal tarefa, mas não que fosse com do Harry Potter, um do tipo Regresso ao Futuro ou dos tais que falam dos extraterrestres, seres que sabemos só existirem no imaginário dos escritores para filmes de sucesso, ainda de miúdos que falam com múmias paralíticas incluindo as guerras entre bites e bytes; nada disso. Apenas um conto com pessoas reais de carne e osso que se confrontam com cenários estranhos, têm enxaquecas doenças tumorais e males classificados de demência de ordem vária mesmo que no final todos digam – mas que grande porcaria!
.

Mas chegado a esta ponto já o leitor leu pelo menos a introdução o que não é nada mau para um iniciando na arte de driblar a curiosidade reconhecendo-me a vontade de escrever o que nunca foi escrito nem que tenha de começar com Era Uma Vez, um Gato Maltêz primo da Gata Borralheira concunhado da Cinderela compadre da Branca de Neve que se esqueceu dos 7 anões à entrada do bosque e acabou por ser comida pelo Lobo Mau que afinal não passa dum rico latifundiário servil amigo do 1º ministro eleito com votos dos simpatizantes do partido da oposição que afinal ganhara as eleições com menos votos que necessitou o Papa para ocupar o cargo de Sumo Pontífice, mas que num acto de grande dignidade pediu a demissão dando a oportunidade ao Partido dos Répteis para acabar com a maioria dos fala-barato com assento na Assembleia da República das Bananas, um país detentor da maior produção mundial de Chupa-chupas para adoçar a boca a criancinhas com mais de 18 anos de idade, com ou sem escolaridade obrigatória cumprida.

Embrenhado nestes pensamentos e olhando as paredes nuas da casa não dava conta do roncar das motas e carros que passavam irresponsavelmente em alta velocidade por sobre a rua estreita e com o asfalto molhado pela chuva outonal, nem as conversas de dos transeuntes de ocasião tecendo comentários impróprios para serem pronunciados na via pública agravado o facto de os fazerem em frente à janela da sala incomodando até os meus fantasmas que depois duma noite de tertúlia necessitavam descansar de manhã, somado ao chinfrim do puto que pontapeava a bola contra a janela do meu quarto armado em ponta de lança, e que traziam ao consciente imagens do tempo em que jovem, tanto quanto este, jogava umas futeboladas no largo à luz dos candeeiros públicos sem os danificar, se bem que muitas vezes apetecesse fundir uns quantos lampiões que prejudicavam o pessoal quando surgia a oportunidade de dar às meninas uns chochos molhados sob os raios complacentes das estrelas que compunham e compõem o Cruzeiro do Sul, uma constelação que mercado algum ou ditadura casuística se lembrou de colocar na bolsa de valores ou vender nos mercados.

A rádio passava um velho êxito do não menos idoso Charles Aznavour e fechando os olhos deixei-me embalar por Que c’est triste Venise ao mesmo tempo que permitia ao pensamento voar por Roma e Pavia, ambas que não se fizeram num dia, e outras igualmente belas cidades da história universal, tão belas quanto a bela Adormecida personagem que já não serve para os pais adormecerem os filhos pequeninos que ora preferem oferecer uns aparelhos esquisitos para as crianças se entreterem e acabarem por adormecer de cansaço enquanto eles fornicam à vontade no quarto ao lado, afim de terem mais filhos contribuindo para evitar o crescimento negativo da natalidade, e no futuro ministro algum precisar de mais 900 mil emigrantes para o país crescer e ele manter os seus privilégios no caminho da obtenção duma reforma descomunal paga com as notas que são fabricadas numa gráfica qualquer controlada pelo Banco Central da Europiada.

Mas algo não estava nos conformes e abri ligeiramente o olho direito que ao esquerdo dera a preguiça e eis que na parede em frente ao velho sofá, uma pequena e simpática centopeia da família dos miriápodes observava-me com curiosidade abanando incrédula as 4 patas dianteiras e quase lhe reconhecendo um franzir de testa. Evidente que (na linguagem dos mais novos substituo o évidement… por ‘claro’ e já agora não estou para ir ao dicionário ver como se escreve a palavra em francês) tratava-se de uma visão mirabolante porque toda a gente sabe que estes rastejantes não têm testa, já que quanto ao resto provavelmente são mais inteligentes que muitos dos humanos que desfilam pelos tapetes do poder e com os quais temos de gramar até que o Lacrau Gigante lhes acabe de vez com a raça, pretensão minha e disso não passa porque o bicharoco embarcou numa das naves interplanetárias que faz a ligação do Cais-do-Sodré ao planeta Restaterra onde foi recebido em apoteose e considerado o deus dos seres espezinhados pelos sapatos dos predadores humanóides numa demonstração inequívoca de falta de respeito pela mãe natureza.

- Pssst estás doente ó moço…

Era demais. Não queria nem podia acreditar no que se estava a passar. Como era possível um bicharoco daqueles a falar e ainda por cima a minha língua, e acto imediato arranhei-me para poder constatar ao vivo e com dores estar no meu perfeito juízo e verifiquei que de facto nada havia de mal na minha saúde física nem mental que as unhas provocaram um arrepio. Intentei levantar-me mas ele fez sinal com a pata para que ficasse no mesmo sítio e abanando a cauda, mantendo-se todavia à mesma distância não fosse o diabo tecê-las volta a falar.

… não vale a pena tentares matar-me com o chinelo porque não sou real mas sim espírito dum insecto que tem atravessado as décadas na tentativa de encontrar o meu antigo corpo que vocês humanos mataram sem que para tal lhe tivessem dado oportunidade de se defender em julgamento foi uma execução sumária aliás como tantas outras milhões de vezes ao longo da história do planeta aconteceu…

Sem contar puxa duma espécie de cigarro para bichos e afins e saca três fumaças atirando o fumo em círculos que subiram até ao tecto e se diluíram no ar que circulava pela sala numa espécie de corrente de ar que entrava por uma diminuta frincha. Depois deus uma volta sobre si mesmo e voltou a falar.

…e não vale a pena também utilizares essa porcaria do sheltox pois comigo não dá resultado e aproveito para te falar um tempo que se faz história pelo tempo que já se passou e que respeita à tua geração de meninos bardinas que corriam pelas matas ruas de terra quintais e esplanadas à beira praia e se escondiam estupidamente no fumo que os carros do tifo que pulverizavam as cidades para exterminar bactéria insectos e também rastejantes mas que afinal não resultou pois continuamos a proliferar o globo terrestre…

Uma pausa para apagar o cigarro e curiosamente não percebi para onde mandara a beata e lá continuou a consumir a paciência.

…e acredita se quiseres nós até fomos criando antídotos naturais contra essa carnificina multiplicamo-nos e conseguimos através de mutações criar novas espécies da mesma família porém deixa que te diga que o homem nem as pensa pois bem sequer deram conta que se estavam a prejudicar iriam aparecer mais tumores de pele doenças incuráveis cancros pulmonares enfim um total disparate que nós continuamos aqui claro que depois aqueles carros desapareceram para dar lugar à indústria de sprays em latas com umas tampinhas engraçadas com uma válvula por onde saída o produto mas no fundo o interesses não era defender a saúde colectiva mas apenas ensacarem milhões se bem que neste 2016 a coisa não anda lá muito famosa por cause da crise energética da bancária entre outras

Estava siderado perante a demonstração de conhecimento ao ponto de ter a boca seca e necessitar de beber um copo de água ou dar um gole pela garrafa acabando por me levantar do sofá. Acto contínuo a centopeia desaparece e vejo-me metaforicamente só. Que se passa que alucinação esta que terei bebido para que tal esteja a acontecer. Podia estar mais um bom par de horas a desenvolver teorias que a nada e a lado algum conduziriam razão que me fez repousar a cabeça numa almofada ocasional e tentar esquecer o sucedido. Passado pouco mais de 3 minutos um violento estrondo desperta-me. Olho de imediato para o telemóvel, vejo as hora, e o mostrador indicava 9:47 levando-me a exclamar

- Bolas adormeci e já devia ter saído há pelos menos 30 minutos vou chegar atrasado mas quem me mandou passar pelas brasas



.

Inácio
20/21 de Novembro 2016-11-21 
Conto estranho

quarta-feira, abril 26, 2017

POR ENGANO

Muito se disse e dirá, muitos defendem o Rottweiller , outros decidirão abater o "Canídeo" termo que escutei a uma agente entrevistada que certamente quis dar uma de In tal como os que chamam meninos e meninas aos perros , 
Desconheço o que acontecerá  ao dono do animal mas espero que a este ultimo nada aconteça pois deve ser o ultimo culpado da lamentável cena ocorrida em Leça do Balio, mas pelos meus actos respondo eu alias como sempre fiz com os meus cães no passado.

Gostava por vezes de me enganar, mas no dia 17 parece que estava a prever qualquer coisa que não queria que acontecesse.





POR ENGANO

.

Podia por certo usar u' coleira de couro
passear contigo à beira-mar de trela
estrumar os canteiros com cócó
mijar de pern'alçada no pneu do carro
usar um colete em tempo invernoso
ir ao veterinário lavar a vacina da raiva
abanar a cauda è espera da ração
dormir enroscado no velho edredon
roçar-me pelas pernas da dona
brincar com a criançada no jardim
rasgar o casaco de penas do vizinho
ladrar por altas horas da madrugada
saltar muros, coçar 'maldita da pulga
rebolar pelo encerado chão do corredor
de vez em quando viajar d'automóvel
correr no encalce de gatos vadios
ganhar festas do pessoal da escola
e ter de sobremesa festas no cachaço.
.

Mas ofereceram-m'uma pulseira de ouro
alombando passeios de barco à vela
evitando que chateasse a minha avó,
desse cabo das flores nos vasos de barro;
_ pintada a manta em perfeito gozo,
esconder o que não presta que se saiba,
pentear a popa com ar de cagão
aquecer o rabo dum qualquer bombom,
cachopa distraída q'estreasse na zona,
e fazer protegidos pelo crescido capim
da terra húmida reconfortante ninho;
_ enfrentar 'bófia com malta da pesada
rir dos heróis de cartolina em fuga
em que até os sustos provocavam dor,
e em vez de ganir falo ao telemóvel
combinando meetings eventos sadios
eu tirando 'cuecas, elas despida 'sacola
que nuas teriam de ser um borracho.
.

E saía 'comprar coisas pra mim e pró cão,
(prazer escrito que não dou mas reparto)
tornando-me ao jogo do poker imune
q'o money do kota não eram notas 'fingir
.

À part'estes queixumes abri por vezes 'mão,
partilhei c'o vira-latas tapetes do quarto,
e ao som dum Cole em "fly me to the moon",
confiava não o ouvir rosnar ou ganir.


.
Cito Loio
Terminado a 17/4/2017


PARA LÁ DA JANELA, 1975...

Onde estejas Ary, para as minhas, remédio ainda  não achei


  


PARA LÁ DA JANELA
Memórias do Inácio


Sinto-m’ainda penosamente só, magoado,
não por fora apenas, que dói mais por dentro,
pesares tamanhos que há muito enfrento
sem que para eles remédio tenha achado.
- Da vida fica-me a impressão de estar farto.

Reajo então a rasgos dum duro sofrimento,
fortes simulacros no espesso nevoeiro
que recordo ao ouvir notícias dum tiroteio,
ajustado o grito ante atroador rebentamento.
- A perder de vista ficava o velho largo.

Extinto o corpo, um semáforo q’estremece
ilumina fugitivos de armas a tiracolo;
_ difuso percebo um herói jazido no solo
que outro pedestal, por devido, merece.
- Recordo viagens d’avião comboio e barco.

Uma mulher afaga-mos cabelos, e carinhosa
sem que peça, chega-m’um dos meus cigarros,
que há muito deixara de consumir charros;
_ via-se para lá da janel'uma árvore frondosa.
- Ela, muda, não questiona a q'horas parto...

...


Cito Loio

(Iniciado em Setembro de 1975, meia hora e trinta quando um militar das forças armadas portuguesas me apontou uma G3 à cabeça...
...interrompido a 12 de Abril de 2017 sabendo que talvez nunca o chegue a terminar...)

terça-feira, abril 25, 2017

O QUE VOS LEGAREI







O QUE VOS LEGAREI




Sei q'um dia escreverei invioláveis versos
alargado poema, desconhecido princípio e fim
q'emocionará quem nunca ouviu falar de mim
achando-m'em cada frase homem controverso
para inabalável e na mais profunda dignidade
legar ao mundo toda 'indestrutível verdade.

Cantarei neles dores duma nação ultrajada
assaltado 'povo por quem perdido o respeito,
condecorou com medalhas o próprio peito
desprezando os bravos sem direito a nada
jogando-lhes insultos na forma de chacota
rindo dos que defenderam a própria Europa.

E permitirei que se louve por este punho
e se verta nas folhas duma velha sebenta
os que nascidos nos anos cinquenta
em actos tomados de forma mui louvável
defenderam terra q'era sua por Nascimento,
e outros que o fizeram por Juramento.

Deslizada a pena vereis no que me tornei
e ante memórias que jamais se apagarão
traço ora com letras que se agigantarão
nome do qual por sangue nunca m'esquecerei
que dum Adolfo herdei a vontade férrea,
de Homem, peito aberto à feroz miséria.

Constituídos estes verso num raro poema
saberá a humanidade extinguid'as guerras
só 'valorosos atingem o cume das serras
vendo d'alto quem deles nunca mostrou pena.
- Tardando o dia que este navio atraque 
celebre-se a vida sem os sinos a rebate.

Contudo, anunciada a hora do meu final
e por terminar estej'esta nha última epopeia,
que dela apanhe novo trovador boleia
e glorifique identificado nome de Portugal
por perdida na distância todo 'encantamento
da terra que me viu crescer em sofrimento . 

E de tal padecimento não chegaram avisos
ou sinais de bondade, causando dolo
antes vozes crispadas elevadas em coro
exigiram pena capital em gestos precisos
mui antes de desembarque a porto seguro,
intuito d'evitar saber-s'a verdade no futuro.

Hoje às vezes cansado trémulo o corpo
sustento ainda inusitada vontade de vencer
mantida mesma forma d'estar e de ser,
derrotados 'fantasmas num hercúleo esforço
pois só 'tempo ao engenho dá descanso
se terminada for esta obra num só canto.

Finita a angústia por engalanada praça
do génio o seu espírito imolar-se-á
entre aplausos novo brado emocionar-se-á
ao cantar a força desta antiga raça,
e num olhar de pureza com voz serena
dirá - enfim pôde dar paz à sua pena...

"Pousada a caneta q'um outro se levantou
já em tempo de desterro aceite 'castigo
seguirei destinação do q'antes fora escrito
continuando-se a obra que me valorou
constituindo est'última construção poética
farol que iluminará minh'alma até ora céptica"



Cito Loio

(Adeus mãe, adeus Maria, 

talvez não tarde o dia)





segunda-feira, abril 24, 2017

JAZ VIVO E ARREFECE





Às vezes a memória prega partidas e hoje 24 de Abril, 43 anos depois, decidi oferecer esta prenda aos rapazes da revolução de Abril. 
Bom feriado...



JAZ VIVO E ARREFECE




O tempo tarda, e às vezes nada muda,
o vento morno no quintal não ajuda
nem leva para longe, se solta das rajadas
estridente som das velhas espingardas.

Na noite, incauto pesaroso rinoceronte
hesitante atravessa lesto uma ponte
desconhecendo esperá-lo a morte,
andassem de novo caçadores a norte.

Rio abaixo calma flui a corrente
guardiã de segredos de muita gente.
- Para trás gemidos numa batucada
de quem despedido da pessoa amada.

Pelo trilho não verá santas aparições
antes negras nuvens, complexas visões
sobejadas do tempo da fartura 
que jovem sonhava derrotar 'ditadura.

Uma lágrima rola pelo rosto inclinado
doendo mais 'perde que o corpo magoado
ao ver u' pardal voar que o tempo aquece;
_ numa tumba rasa só a alma arrefece.


Cito Loio
18-20/04/2017
















domingo, abril 23, 2017

E continuo...com semáforos do futuro


...

apitos prateados feitos de latão e luvas sem vestígios de sangue...

...só desceu da memória ao terreno quando alguém ao seu lado, delicadamente tocou no ombro ao mesmo tempo que apontava o verde que entretanto reaparecera no poste do passeio contrário ao que se encontravam fazendo estremecer como se tivesse sido atingido por uma descarga atirada por um raio voltaico.

Ao seu lado uma jovem extremamente formosa, reluzentes olhos da cor do gozo mala a tiracolo cabelos soltos ao desafio sapato raso  sem fivelas vestido liso moldando insinuantes ancas, sem óculos escuros tatuagens ou piercings, dava mostras que o mundo ainda não perdera o encanto das pinturas de Rembrandt mantendo as amarras ao passado, que sem delongas aligeira o passo atravessando a avenida respeitando a passadeira ao mesmo tempo que obrigava o homem que momentos antes alertara para a abertura do sinal a apreciar pela posição retardada o bambolear dum corpo a fugir do período da adolescência.


quarta-feira, abril 19, 2017

SEMÁFOROS DO FUTURO


SEMÁFOROS DO FUTURO




Parou no tempo; para trás deixara dúvidas, certezas que nunca chegaria a comprovar num mar de sangue derramado em lutas pela falta da liberdade sonegada e que a natureza conferira ao nascer, legado que ultrapassara o remoto tempo em que o Homem pela primeira vez colocara em símbolos, palavras ou apenas contos transportados de boca em boca através dos ventos que determinam a existência humana. Defronte ao semáforo fixando o olhar  no vermelho destinado a mandar esperar os peões reviveu ruas onde a sinalética se fazia não por aparelhos comprados num fábrica situada num país qualquer doutro hemisfério mas sim por homens vestidos com fardas brancas capacetes protectores apitos prateados feitos de latão e luvas sem vestígios de sangue...


Talvez um dia poste o resto do conto...

terça-feira, abril 18, 2017

A VISÃO DE FÁTIMA...

Afinal em Fátima não houve uma Aparição antes segundo um Bispo escritor houve sim uma Visão Interior!!!

Este senhor afinal vem dizer que andaram a burlar as pessoas durante 100 anos!!! Claro que ele percebe de teologia...mas visões interiores há 10 décadas só contaram para ele pois nesse tempo ainda não se faziam biopsias, descontando o filme "VIAGEM FANTÁSTICA realizado em 1966, dirigido por Richard Fleischer " em que uma equipa de cientistas (Stephen Boyd, Raquel Welch, Edmond O'Brien, Donald Pleasance, Arthur O'Connell, William Redfield, Arthur Kennedy) numa viagem de submarino através do corpo humano em direcção ao cérebro a realizam delicada operação. 
Efectivamente, como sou herege ateu agnóstico etc, acredito tanto no milagre como nas vacas socialistas terem asas. No entanto aceitava que tivesse havido uma visão por parte das crianças sobre uma imagem formada por nuvens raios solares montes (se os houvesse por ali) e, como todos sabemos a Fome provoca visões, mas estas são externas, porque interiores só se forem em sonho.

Assim e dando crédito ao dito cujo Bispo, os "meninos" viram não a Nossa Senhora de Fátima mas sim um alqueire "carregadinho" com bifes à Monte Carlos com batatas fritas e ovo montado num borrego que comer cavalos só alguns o fazem e esses adquirem denominações pouco abonatórias.

Bom mas como cada um engole o que quer, passar bem até Maio para comemorar mais um, desta vez, Milagre dos Bispos.



segunda-feira, abril 17, 2017

Por engano


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POR ENGANO
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Podia por certo usar uma coleira de couro
passear contigo à beira mar de trela
...
mas ofereceram-me uma pulseira de ouro
alombando passeios de barco à vela.

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Cito Loio
Talvez um dia o publique na totalidade






sábado, abril 15, 2017

Boa Páscoa JOJO



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E só por curiosidade o único negro entre os apóstolos venderia Cristo...mera curiosidade num filme com marca USA corria o ano de 1973

.Como certamente amanhã ninguém vem à NET (!!!)  aqui fica a minha participação para a efeméride

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RICOCHETE EM DEUS

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Na praça de São Pedro reunida a fidalguia
misturada com o povo, de frente a ralé
exércitos da paz, quais hostes do Vaticano,
glorificava-se o Santo Nome do Senhor
e do Filho, análogo filho do Espírito Santo
três pessoas numa só, afirmação bíblica,
conduzido ‘crentes pr’um revolucionário
desconhecendo existência d’Adão e Eva.
- Mais forte a insciência de quem o seguia
porém fraca a carne saída da Santa Sé
promovedores de sodomia, acto profano,
(prós q’usavam sandálias de pescador)
insensíveis aos gemidos e ao pranto,
não fosse sexual abstinência coisa lírica
pois em nome de Deus feita num relicário
violência não incorria em pena severa.

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Comemorando Mafarrico a Páscoa c’ Baco
ria dos olhos arregalados de bela Vénus,
já que um naco dum saboroso presunto,
sem rezas, era como fazer ‘pecado original,
evocar prazeres carnais da Virgem Maria,
assente que, jejum genital (só para saloios
a quem se vedava ‘acesso até ao purgatório)
pois interessava negócio se fosse chorudo.
-Rentável, dispensa dos ajustes da fivela,
era pôr a render ‘três pastorinhos ingénuos
que prós padrecos tal era sigiloso assunto
cheia a pança de “pitéus com muito sal”
que ‘coiso erecto, crime, só fora da sacristia
ficando no átrio da igreja ‘maus agoiros
sabido que certas viúvas concluído velório
era riqueza maior do que ganhar a taluda.

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Passeando a raiva possuído pelo demónio
vociferava o pobre maldizendo a sorte
q’uns pastores pelas fotos não andavam rotos
e desnudos no tempo tampouco ‘prostitutas
distintas operárias, sustento de chulos,
que nas metrópoles aprendiam nobre arte
de enganar o magala ou o Zé pacóvio 
usando cruzes nos colares feitos de fino latão.
- Em romaria, mostrado exacerbado ódio,
abandonada que deixara legal consorte
esbanjada uma exígua fortuna aos poucos
com donzelas conhecidamente astutas
treinadas na vida sem as terem aos pulos,
decide antes que tolhido por um enfarte
avançar pra praça, na companhia dum sócio
que se fazia passar por exemplar sacristão.

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Das lonjuras, envia Satã, cruzando ‘Universo,
raios q’influenciando mentes perturbáveis
penetrando em cérebros prenhes d’adrenalina
diaboliza-o;_ Via-se ‘pálpebras injectadas
olhos pulverizados com manchas de pus
dilatas narinas de fazer inveja aos gorilas,
um crispar de mãos marcas de artroses 
e perceptível tremedeira no lábio inferior,
e entre o clamor dos fiéis um Deus perverso
montado uma passarola d’asas insufláveis,
desce à terra (longínqua ficava ‘Palestina)
pra salvar ’humanidade de golpes d’espadas 
em execuções feitas a coberto de um capuz,
fica estratégico à frente das primeiras filas
e aplaudido por mil de milhares de vozes
fala o Papa aos seus fiéis, eis ‘Vosso Criador!

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E Valumbig oriundo de Sudaunesco do Sul
eleito Sumo Pontífice sem sufrágio popular
(anotava-se 'ano dois mil noventa e sete)
ajoelha-se aos pés dum Deus famosíssimo
sem imaginar que no imenso espaço sideral
perpetrara-se mor crime citado em história
sem propagaçao nos meios  mediaticos 
ou em registo no livro da Sagrada Escritura.
- Súbito atravessa ‘terreiro uma centelha azul,
mortífera, desfechada através d’arma letal
pelo “sniper” Frakis Triatisis du Fenêtre,
que ricocheteando no coração do Altíssimo
termina c’a vida dum crente, qual cena fatal.
- Silenciados ‘sinos morria de forma inglória
por despacho de um grupo de fanáticos
Jojo Peregrino que nunca provara fartura.



Cito Loio
Terminado a 26 de Março de 2017

sexta-feira, abril 14, 2017

AINDA SEM TÍTULO





AINDA SEM TÍTULO

Aprendi 'escrever aos seis anos de idade
esquivando-me malandro a muitas reguadas
que as palmas das mãos eram sagradas
pois já no tempo me fizera poeta de verdade.

E sobre matérias que falavam de milagres
franzia a testa, fazia orelhas moucas
sem perceber porque certas tias usavam toucas
fora do banho e usavam trajes dos padres.

Mais tarde entrei pr'um inolvidável liceu
onde elas davam bola aos rapazes
mas que se mostravam bem capazes
dizer, "vai para a pata que te lambeu".

....

Cito Loio
(continuarei noutra altura se me der na cachimónia)

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Por ser 6 feira santa vejam se descobre de que raio de estabelecimento se trata, e se acaso não souberem ou o Alzheimer já vos assoprar basta aumentar a foto...










DA JANELA DO MEU QUARTO

Porque guardo a imagem do suave pentear dos seus longos cabelos grisalhos, as macias palmadas no meu rabiosque e aquela fé profunda no seu único Deus, escolhi para 6ª feira santa um conjunto de palavras para agradecer o que fez por mim, e tal como dizia nesse tempo, a verdadeira fé dispensa fotos.



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DA JANELA DO MEU QUARTO

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Da janela do meu único quarto
vejo no quintal denso arvoredo,
cultivada enorme esterlícia
pombal vazio entre as avencas
e o resto, tudo de meter inveja.

No topo, cantoria dum galo farto,
crista empinada, porte soberbo,
q'olhando 'galinhas c' malícia
aguardando tenros talos de pencas
sabe o que até para mim sobeja.

Da janela indo além, só não vejo,
finos cabelos espraiados ao vento
entre esgares à hora da despedida,

 Mas recordo o q'em ti me fez desejo!
- Imprevisível temperamento,
emanação duma alma sem medida...

...e um toque nos lábios c'os dedos
derrotando todos os meus medos.

.
Cito Loio
(Sem data nem valor)

 
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