LANÇAMENTO OFICIAL
56 anos depois, ao expurgar as penas, transcrevi no papel o que durante mais de cinco décadas mantive enclausurado no recanto do sofrimento. Revi em cada mulher a “Carmito” que não tive, projectei em cada gesto o afago que não senti, em cada revolta as lágrimas que não me secou. Hoje, num país onde não moro, numa sepultura que não visito, reencontro-me com a minha consciência, e mundializo a calma doce do seu olhar. | |
Um espreitar por
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não é a “”história” nem tão pouco pretende ser a catarse de qualquer sofrimento – trata-se apenas do primeiro romance que apresento ao público. Pretendo com esta obra contribuir para que “todos” possam ler um livro sem a necessidade de se fazer acompanhar de dicionários, que desfrutar do prazer num autocarro, numa estação de metro ou no aconchego do lar. | |
PREFÁCIO
“Uma persiana na janela” é uma história invulgar que proporciona ao leitor uma viagem pela sociedade de Luanda… o pensamento emergente, o racismo assumido, o desenhar-se de um novo ciclo económico. As expressões culturais e a descrição de relações amorosas misturam-se com subtis apreciações críticas em domínios vários que permitem classificar esta narrativa, simultaneamente, como um romance, uma contestação e um documentário. Porém, e mais importante do que classificar este escrito, será de realçar a audácia que implica a tarefa de colocar no papel recordações cujo impacto afectivo nem estas nem todas as palavras do mundo conseguirão descrever. O reencontro com “Carmo” (dualmente livro e figura de vinculação) é o grito de libertação de alguém que teimosamente viveu sem aceitar a sua própria dor. Independentemente da projecção que o livro possa ter, ele permitiu certamente reelaborar factos e dar-lhes novos significados. Será difícil ficar indiferente…
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À professora doutora Sandra Reis Torres da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, os meus agradecimentos pelo brilhante Prefácio – assim o conteúdo do meu livro possa ser merecedor do empenho que colocou na apreciação do conteúdo do romance. Adolfo Inácio Castelbranco d’Oliveira |