quarta-feira, janeiro 06, 2010

Um dia de Reis

Entrado em 2010 é com satisfação que Portugaltenis.blogspot.com comemora quatro anos de existência.

Um ciclo olímpico, dois campeonatos do mundo quatro «fed & davis cup» eleições federativas, e outras, crises nacionais e internacionais, mais um conjunto moltto-alargado de ilegalidades e crimes que ficaram por resolver, outros arquivadas, e “muitos” que certamente o tempo se encarregará de extinguir.

É a natureza humana a funcionar, na sua mais pura forma de esquecer o que não convém, e recordar o que já não se pode ou dificilmente se poderá contestar.

De tudo, independente do tema ser ou não desporto, durante estes últimos anos, fica-me a certeza de nunca ter injuriado difamado ou levantado falsos testemunhos, razão pela qual não tenho casos na justiça, para além daqueles em que sou queixoso; pelo contrário procurei expor os meus pontos de vista, os receios que me assaltaram, as dúvidas sobre os trilhos que a modalidade percorreu, e as conclusões que fui tirando ao longo de 44 anos de prática dela.

Fi-lo à minha maneira, sem pensar nos prejuízos eu daí adviriam – acima de tudo fui sempre eu.

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Ao longo destes quatro anos perdi amigos que choro, outros ganhei, mas que nunca substituem os que partiram.

Descobri fraquezas que antes não sentia, mas encontrei forças e coragem dentro de matérias que julgava serem intransponíveis.

Arrisquei o que muito poucos tiveram a coragem de arriscar; perdi batalhas porque entenderam que o meu contributo para o país seria nefasto – mas ganhei pequenas lutas que me deram imenso prazer e a força de continuar a perseguir os ideais que transporto, desde o berço, e que fui adaptando aos tempos modernos.

É chegada a hora de decidir a continuidade do espaço, ou simplesmente encerrar este capítulo da minha vida – é hora de equacionar se vale a pena, se mereço a fidelidade que alguns me dedicaram ou ainda se a tal família do ténis é merecedora do esforço e da seriedade de quem está do lado de cá.

Decidirei se fico ou parto. Mas neste dia de Reis quero ser apenas um simples cidadão e fazer um comentário a uma afirmação por parte de quem devia ser rei da justiça e se esqueceu dos que estão deste lado do sofrimento. Refiro-me ao senhor Presidente do Supremo quando afirmou num jornal nacional, que há juízes que têm uma vida desgraçada porque “têm” 27.000 processos em mãos...

Vida desgraçada têm os inocentes que não vêm os seus casos concluídos, que viram os seus pequenos negócios falidos por falta de decisão judicial, que sofreram AVC’s quando as suas vidas foram destroçadas por falta de justiça, que se suicidaram, ou que engrossaram ainda mais a lista dos pobres deste mundo porque haver juízes com os tais milhares de processos...mas

Quando chega o fim de semana, vão de fim de semana, quando chegam as férias vão de férias e quando chegar o tempo de reforma reformar-se-ão, e assim espero, com uma boa vida – pesar-lhes-á na consciência não terem resolvido os milhares de casos que teriam de resolver, mas depressa esquecerão, porque a memória é curta para o que não interessa, e é apanágio das nossas raízes.

Tenhamos um bom dia de Reis, tenhamos um bom ano. Pela minha parte, cabe-me inteiramente decidir o encerramento ou não deste espaço – hoje, tomarei uma decisão de Rei, e o resultado dela ver-se-á no futuro.

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