segunda-feira, outubro 06, 2014

Vendo-me restos de Hiroxima



SEM ODES A HIROXIMA.

Pai, que saudades já sinto
das ondas da nossa baía,
rebolar na erva do quintal
abraçado ao nosso cachorro;
_ vestir a velha capa de zorro
de espada desferir um Z,
gritar corre anda ver, vê!
- Pintar o demónio com cal
segurar o trovão que não caía
sobre o telhado de zinco.

Pai visses soidades q’ guardo
tantas mesadas imerecidas,
ao empandeirar notas do liceu,
do escárnio à carga policial
última peça em cena teatral
lágrimas revoltas contra bastões
fardas vestidas, aldrabões.
- Lê comigo, que o poema é teu
versejando sobre ‘tuas feridas
eu, cumulando pesado fardo

Pai já deixei de ser menino,
e só, carrego meus enganos.
- Porque não me deste ‘foguetão
sabendo não seres eterno!
_ eu desceria um dia ao inferno
pesado na balança da tristeza
e de minha mãe a incerteza
se faria plagiando ‘imaginação
castelos na areia, «vamos
tocou que já na igreja o sino»

Pai! é o fim que já se aproxima.
- Perdoa a outrora ignorância.
Pai, já calei odes a Hiroxima.
- Da mãe!, resta-ma fragrância…


Cito Loio

 

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