RIOS SEM ONDAS
Preferia não o ter escrito, sorrir de braço dado com a liberdade, galopar nas asas da democracia... preferia preferir a preterir....viver num país soberano, onde se sorteasse sorrisos em vez de carros de luxo, ter défice de 10% a pagar o que não devemos, eleger políticos que respeitassem quem os elege, não votar para o parlamento europeu, e acima de tudo não houvesse sopa dos pobres, misericórdias, tribunais, prisões, loatarias, totolotos, funerais em disputa,
Preferia ter Casas para Sem-abrigos em vez de Panteões para mortos...
Preferia que os Rios não tivessem ondas...
UM RIO SEM ONDAS
Nas
ondas do rio Tejo
vejo
imagens se Sarajevo;
_
ouço e vejo desgovernados
cavalos
de ralas crinas,
rota
bandeira das quinas,
gritos
de pais desgraçados
Nas
ondas do rio Guadiana
vejo
rota ‘vontade soberana,
crianças
q esmolam pão
a
políticos sem vergonha
artilhados
de graça e ronha
desonrando
a profissão.
Nas
ondas do rio Mondego
vejo
arrogâncias dum labrego,
homem
velho ultrajado,
entre
ondulações da populaça
à
miséria achando graça
ao
dançar a toque de cajado.
Nas
ondas do rio Sado
vejo
uma revolução a saldo,
traições
a Vila Morena,
o
mesmo chão arado
a
sangue e suor fertilizado
baladas
q já não metem pena
Nas
ondas do rio Minho
vejo
trilhado caminho
para
terras de Compostela,
filhos
q partiram, outros não,
mães
‘lavar pratos c’ aflição
à
trémula luz da vela
Nas
ondas do rio Douro
vejo
‘placar c’ manso touro
que
não está embolado
nem
exibe na ponta do corno
sangue
q cobria o corpo
do
último homem toureado.
Nas
ondas do Cuanza ao Bengo
ah!_
nada vejo mesmo lendo
notícias
da minha mãe;
_
mas vejo d’espelho a tristeza
de
um poeta que à mesa
pinta
a dor como ninguém…
E
no íntimo do seu único rio
sente
‘poeta advir o frio
molhado
pela maré da velhice
em
q silenciado por ausente
finta
a vida por descontente
legando
escrito tudo o q disse
Cito
Loio
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