Mentiroso eu!
....
SÓ FALTAVA PONTO FINAL
Prescindo de
escrever esta história em verso
e munindo-me
para tal para tal doutra ciência
puxei pela
memória gastei a paciência
mas trouxe ao
consciente o que submerso
Era uma vez…um
jovem que vivia correndo,
jogava à bola,
sonhava um dia ser cientista
astronauta
piloto pintor até malabarista
sem q os
companheiros disso fossem sabendo
Na recolha do
seu quarto à noite e à varanda
olhava as
estrelas, contava o tempo do trovão;
_ apanhando
pingos de chuva c’ a concha da mão
escutava
Bethânia Buarque e Carmem Miranda
Jantado,
bailava c’ passes e dribles merengue,
desafiava os
amigos para caça ao “matondo”
corridas à
volta do largo – “eu já estou pronto!”
esquecido d’
ameaça da mãe “ele que não me tente”
Foi crescendo
com más notas, faltas ao limite
afrontamentos
c’ policias por actos ilegais
punho erguido
sinal de revoltas brutais.
«Só aceito as
guerras q a natureza permite»
Apaziguou dor
e perda com corpos salgados,
cantou baladas
desnudas de capa e batina
solos de
guitarradas passo doble e concertina
olhando
desconfiado certo tipo de soldados
Por
experimentado o fel colhido na guerrilha
colocou uma
cruz no tempo, ainda presente,
ficando-lhe
sabido q é n’ ausência q s’aprende
quão
devastador é o ribombar duma armadilha
Mudou a cor do
camuflado vestido d’igual maneira
tornando-se o
olhar embaciado frio e duro
sujeitando
(sem conta) ‘vontade de saltar o muro
valendo ‘morte
o mesmo, independente da bandeira
Soado marchas
em manifestações da insatez
percebeu o
nojo depositado na flor dum cravo
por quem nunca
fora veramente bravo
entregando
tudo o que feito, ‘a quem nada fez’
Viu-se envolto
pela mais conspurcada tramóia,
joguete nas
malhas q afinal (o império tece)
igual ao que
tecera na terra da piranha e sequóia
ficando ao
povo ‘a fome q o melhor se oferece
Quanta injúria
por parte da ditosa democracia!
- Que país
pelos continentes outrora invejado,
pelos 4 cantos
do mundo nunca antes navegado
agora banco de
ensaio da mais selvagem economia
No íntimo do
seu ser escutou o noticiado,
decreto de
morte através do corte de pensões.
- Nada lhe
restava, nem amores nem paixões
quanto muito
campa a céu aberto num valado
Fora pelos
anos corroído, velho para mudanças
usando varas
de pau como doirada bengala
quis ver-se
firme e forte – tempo de magala
impedido pela
idade d’ encetar grandes andanças
Já nem por
magra reforma se via esperançoso
sentindo que
chegada a vida ao tempo de júbilo
morreria
desprezado num passeio público
coberto de
moscas caído ao lado dum cão raivoso
Para terminar
este raríssimo Conto a tantos igual
o jovem de então,
ora a caminho da velhice
olhando as
mãos sem que de valor algo visse
percebeu que
apenas lhe faltava um ponto final
Cito Loio
16/9/2013
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