Último poema que te escrevo
Dedicado a “Lei” Manuel do Nascimento
Oliveira, regressado de Angola corria o ano de 1982, um retornado que não foi incluído nas estatísticas de 75.
O que o amor unira, os homens separavam. 4 décadas
depois, a natureza voltava a unir.
Nascidos
em terras diferentes, foram a enterrar em terras distintas. Ela em São Paulo da Assunção de Luanda,
ele em Leça da Palmeira/Matosinhos, uma terra que não chegou a conhecer.
DESTINO DUM RETORNADO
Ficou sim, agarrado ao sonho e andando
Guardou em África por entre sombras
Lembranças curtas da sua amada,
Doce silhueta leve e apetecível
Pedaço da vida, restos de mel açucarado
E viu-se pela guerra enclausurado
Presa de arena mantida pose inconfundível
Como nau de uma extinta armada,
Sob fogo, e por cima de revoltas ondas
Sobreviveu; _ já pouco navegando!
Solitário velho escanzelado e doente
Regressou sem data de registo
Ao velho continente que o vira partir
Sem gemidos, cerrado punho e dente,
Envergou um fato barato de negro tecido
E decidiu morrer. - Fê-lo a sorrir!
Cito Loio
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