terça-feira, abril 22, 2008

Mononucleose

Por curiosidade ao saber que Federer tinha recuperado de uma Mononucleose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

O Beijo é a principal forma de transmissão do virus Epstein-Barr. Quadro de Henri Toulouse-Lautrec, 1892

A mononucleose infecciosa é uma doença de progressão benigna muito comum causada pela infecção pelo vírus Epstein-Barr, e transmitida pelo contacto que contenha saliva. O vírus responsável está contudo implicado na patogénese de alguns cancros/cancêres relativamente raros, mais comum na raça negra.

Vírus Epstein-Barr

O vírus Epstein-Barr, ou CMV pertence à grande família dos herpesvírus (que inclui também os dois virus que causam a Herpes propriamente dita). O seu genoma é de DNA bicatenar (dupla hélice), e multiplica-se no núcleo da célula-hóspede.

Ele reconhece o receptor para o componente C3d do complemento e portanto só atinge células com essa proteína membranar. Este vírus infecta principalmente os linfócitos B do sistema imunitário e as células epiteliais da mucosa do nariz e faringe. A sua predilecção pelos linfócitos e outras células "mononucleares" (em contraste com outras células imunitárias denominadas polimorfonucleares) foi usada para o nome da doença. Têm a capacidade de causar infecção lítica de multiplicação rápida que destroi as células mas também infecção latente de multiplicação lenta que preserva a célula, originando estado de portador crónico. O virus pode ser reactivado em casos de imunodeficiência como suceda na síndrome da imuno-deficiência adquirida (SIDA/AIDS).

O Epstein-Barr, além de causar a doença aguda da mononucleose, também é um virus que provoca infecção assimptomática crónica, e a presença de oncogenes no seu genoma significa que pode induzir a imortalização de alguns tipos de células, particularmente linfócitos B, e aumentar a probabilidade de alguns tumores como o carcinoma nasofaringeal, o linfoma de Burkitt, ou o linfoma de Hodgkins numa pequena minoria dos indivíduos que infecta.

A infecção aguda é eficazmente controlada pelo sistema imunitário, com acção citotóxica dos linfócitos T contra os linfócitos B infectados, que são destruídos na sua grande maioria. Os poucos sobreviventes são linfócitos B cujo virus foi forçado a tornar-se latente para evitar a destruição da sua célula-hospede pelos T. A reacção dos linfócitos T leva à geração de formas típicas desta célula, incomuns noutras doenças.

Epidemiologia

O vírus é transmissível pela saliva e troca de outras secreções, principalmente pelo beijo. As populações afectadas dividem-se em dois grupos. As crianças pequenas são frequentemente infectadas pelos pais ou pelas outras crianças, já que têm pouco pudor em lamber objectos lambidos pelas outras crianças; os adolescentes são infectados quando começam a beijar as namoradas ou namorados. As crianças pequenas geralmente não têm sintomas.

Quase 90% dos adultos são soropositivos (ou seja têm anticorpos específicos) para este virus. Isto significa que em quase todos os adultos, um dos episódios de "gripe" que tiveram nas suas infâncias ou adolescências foi, certamente, antes mononucleose infecciosa.

Progressão e sintomas

A infecção inicial é pela saliva alheia. Infecta inicialmente as células da mucosa da faringe, e depois invade os linfócitos B do tecido linfático adjacente, onde continua a multiplicar-se. A sua multiplicação é detectada pelo sistema imunitário que secreta citocinas defensivas que causam febre alta (39-40 °C), mal estar, fadiga, dores de garganta, (faringite) e por vezes hepatite moderada, aumento dos gânglios linfáticos do pescoço. A infecção é controlada ao fim de alguns dias, mas o vírus frequentemente permanece por toda a vida do individuo escondido de forma latente em alguns dos linfócitos B originalmente infectados. Estes linfócitos multiplicam-se mais rapidamente e se autodestroem menos frequentemente, devido a proteínas pró-crescimento e anti-apoptose produzidas do genoma viral. O resultado é a característica linfocitose (aumento do numero de linfócitos) facilmente detectada nos episódios agudos da doença.

A doença em crianças é geralmente subclínica, mas em adultos pode raramente levar a meningoencefalite com disfunção neurológica ou comportamental, obstrução laringeal por edema e asfixia ou ruptura do baço, com casos raros resultando em morte. Algumas pessoas podem ter doença crónica periodicamente sintomática (distinta dos portadores sempre assintomáticos mas com pequeno risco de cancro). Esta caracteriza-se por fadiga, mal-estar, dores de cabeça, febre de 38 °C (por vezes menos), e dores de garganta leves, podendo cursar durante longos períodos.

Na África a presença concomitante de malária crónica complica a situação, pois esta doença estimula a multiplicação dos linfócitos B, o que junto com o estímulo do vírus, pode ser suficiente para que alguns linfócitos entrem em multiplicação descontrolada, originando um linfoma de Burkitt (uma forma de cancro (tumor)).

Na China e outros países dessa região, o carcinoma nasofaringeal devido ao Epstein-Barr é muito mais frequente por razões desconhecidas.

Nos doentes com síndrome da imuno-deficiência adquirida, as complicações oncológicas são muito mais frequentes, e surge caracteristicamente uma mancha branca aveludada na boca, denominada leucoplaquia pilosa.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito por detecção sorológica de anticorpos específicos, contra as proteínas do capsídeo (que continuam a existir por toda a vida) ou contra determinados antígenos do vírus que só existem na fase aguda.

Não há cura, mas foi descoberta uma vacina, mas a doença aguda é quase sempre autolimitada pelo sistema imunitário (imunológico). As complicações oncológicas têm tratamentos químicos ou radioterapêuticos próprios, além de medicamentos anti-virais, como aciclovir e ganciclovir.

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