GolungoAlto
Até qualquer dia... |
VINDO DO GOLUNGO ALTO
Inenarráveis foram tantas curvas
apertadas
que se obrigou a imaginação a
palmilhar,
atalhos por onde após furibundas
dentadas
cicatrizava nas trevas chagas,
sem arrulhar.
Penetrando madrugada fora, já
serenado,
desenhou a caneta de tinta
permanente
espectros q’ o deixaram absorto
e intrigado
escarnecendo de si perante ‘amor
ausente
Inclinado ao caderno, margens
infringidas,
pôs os nomes que faltaram às
promessas,
de ajuizadas mulheres que
sabia já perdidas
(Filomenas Anas Martas Rutes e
Vanessas!)
Obtida a madureza, envergando
uma farda,
desembestou para o ar,
evitando os iguais
que vestiam optativamente roupagem
parda
na maioria das vezes – paga por
seus pais.
Esquivado ao ultraje regressou
às correrias,
carregador das expectativa
destroçadas
e bens perdidos a favor doutras
confrarias,
ganhos os troféus prescindindo
da caça…
Sem estoiros d’amigos hóspedes
de caserna
sujeitou-se à repatriação pela
democracia,
precisado de residência com cães
à perna
longe da sepultara de quem
jamais o trairia
Mendigando por travessas aos
trambolhões,
ergueu castelos no ar carecidos
de alicerces
ao reviver no africano troar a
luz dos trovões
duma guerra que só durara
treze preces (a)
Esquecido pelos q’antes fugiam
dos canhões,
colhido numa zebra branca em
negro asfalto
a caminho da sopa dos pobres,
surdos pregões,
morria um ex-colono (vindo) do Golungo Alto
Possuía nome c’ apelido que nunca
constou
do incomparável livro «Viva a
Malta do Liceu»
que ‘presidente Eduardo dos
Santos avalizou,
desconhecedor, terem incluído
nele o meu
Virá um anoitecer que não se
fará o dia tarde,
e tal Bocage, que não serei,
desfeito ao vento
à cova escura, colhido por
repentino enfarte,
terão as minhas cinzas o mesmo
seguimento.
Cito Loio
Terminado a 09/01/2016
(a) 1961 a
1974
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