Prenderam-no...
PRENDERAM
O BENFEITOR
A história que aqui vos conto podia ser
verdadeira; era uma vez…
Num país onde tudo se privatiza até o ar que se
respira a água que se bebe e estando eminente regulamentação para lançar
impostos sobre os sonhos, criando depois uma empresa pública para colocar
à venda no mercado dos malfeitores, escutei num dos bares do aeroporto Sá
Carneiro, uma conversa entre João Benfeitor que comentava com o amigo que o
acompanhava ter, nessa mesma manhã do 1º de Dezembro, dia da restauração, saído
da prisão privada, onde estivera muitos anos por um crime que o próprio
repudiava jurando pelos filhos que mais tinha de sagrado nunca ter cometido o
crime de pedofilia de que fora acusado.
Dolentemente despediu-se do amigo dizendo, que
por castigo embarcava sem rancor deixando para trás e para sempre uma terra em
nunca conhecera o caminho para o paraíso.
Senti temores pensando que podia ser eu o
benfeitor e questionando-me quantos amigos me esperariam à saída de Custóias ou
Caxias, e já em casa escrevi um poema que se foi perdendo na memória e no tempo
enclausurado entre a velha papelada que guardo como se fosse um arqueólogo,
conservando os escritos até que um dia a alma farta de padecer me leve para os
quintos do inferno.
A 01 de Dezembro de 2014 achei oportuno
revê-lo lendo-o ao som deste cantante assassinado pelo simples facto de ter
nascido “culpado de ter nascido”
Como Benfeitor e Facundo, também gostava de
estar estirado na areia até que a cobiça dos homens destruíram os areais da minha
juventude.
Inácio
(1/1/2014)
Nasce
o sol entre grades e cedo
torra
último sonho da alvorada
na
cela onde nunca morou medo
acariciando
uma pele enrugada
Para
trás um sinuoso universo,
crimes
por provar em julgamento.
-
E vergado ao despacho adverso
mataram-lhe
‘esperança sem lamento
Fora
esvaiu-se o tempo inexorável;
_
dentro já não rolavam lágrimas
esquecido
o significados de mágoas
Vendo
presidiário a lei favorável
alisa
os cabelos da liberdade
rompendo
as ataduras da saudade
(-
Questiona, se ‘condenou u´culpado,
o
juiz, de um crime não consumado!)
Cito
Loio
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