Por exemplo, um escritor ao criar uma personagem tem o cuidado de percepcionar, o seu tempo de duração e quantas vezes a utiliza sob pena de saturar e perder o interesse. A história mostra-nos como personagem como Superman, Batman Robin Wood, Tio Patinhas, até o Costa do Castelo se extinguiram, uns por cansaço dos leitores a quem a evolução veio a oferecer novos interesses, outros por decisão dos narradores. Ora acontece que o senhor PR não percebeu que a personagem que criou estava no fim, porque já poucos estão interessados em comprar o seu produto. Claro que teria sempre a hipóteses de recriar outra, com nova roupagem, um discurso mais acutilante, e que desse novos motivos de interesse Na verdade, o discurso do PM começou a parecer uma espécie de banha da cobra que estica e não dobra – corda que esticou para baixo ‘tanto tanto’ que agora não se acredita que consiga retorcer a ponta e esticá-la para cima. Se até agora o discurso que nos oferecia poderia merecer alguma credibilidade, ao afirmar (estou de acordo neste ponto) que não se deve ter um discurso derrotista mas dar confiança ao povo e aos investidores, a sua última intervenção pareceu-me patética, quando fala quase num tom melodramático que se ele não governar vamos ficar sem o 13º mês. Ora isto é contrário ao que sempre afirmou, levando as pessoas a olharem com indiferença para o que já apregoa...- uma manifestação espontânea de 300 mil pessoas nas ruas (que representa quase 1 milhão de pessoas que estão solidárias com a geração à rasca mas que por razões diversas não saíram para a rua até porque ela foi promovida via FB e os comentadores C. Social não foram em certos casos muito simpáticos) antecedida de uma moção de censura mesmo que se considere absurda, uma sacanagem ao PR depois dele ter dito que basta de sacrificar o pobre (não morro de amores por este presidente, mas é o que é, e merece no mínimo respeito institucional) com sucessivas ameaças do CDS e PCP fundamentadas, a inadmissibilidade de certas medidas que estavam a esganar o povo mais desprotegido (este termo é forte mas serve para que reflicta que por vezes tenho a sensação que olham para o povo como se este fosse uma alcateia de perritos) uma greve anunciada de camionistas, cortes nos vencimentos da F. Pública, congelamento de carreiras, somado aos escândalos que nunca são Julgados até ao fim, milhares de famílias abaixo do limiar da pobreza seria mais que motivo para colocar o lugar à disposição. Depois de o fazer, vestir nova roupagem e tentar de novo levar avante as suas convicções de Self Save Man, um outro personagem. Só que quando um anjo cai ('A queda de um anjo' devia recordar-se disto) cai de muito alto e o tombo é destruidor. O senhor Sócrates não deu ouvidos aos rumores; agora o povo não lhe admite que venha com chantagens do 13º 14º quando há por aí quem ande a enriquecer à custa da pobreza do alheio. Quando afirmou (ainda hoje de manhã 16/3 - escutei na TV) que se houver eleições se recandidata deu mais uma facada no seu fígado – porque cheira a ameaça e a bílis... Francamente esperava mais – confesso que houve alturas que até acreditei que estava de boa-fé mas hoje começa a instalar-se em mim a dúvida. Como diz o PPC acabou a encenação, mas espero que acabe para os dois porque dizer o roto ao nu porque não te veste tu, é fado fadado e ditado do tempo do Salazar, e muito menos afirmá-lo numa sala cheia de gente responsável pela crise e pela desgraça a que o 'mudo' chegou. Regimes, pós II GM, assentes em partidos começam a dar sinais de rotura, de incapacidade de sobrevivência e levaram ao extremar de um capitalismo desumano que até os grandes magnatas começam a estar em desacordo. O homem é um animal de hábitos, e a solidariedade e compaixão faz parte da sua natureza e este holocausto climatérico do Japão veio colocar isso em relevo por um lado e alertar para o colapso do neo-liberalismo ou quaisquer corrente capitalistas quer de esquerda quer de direita O artigo seguinte faz-nos pensar: O economista Paul Krugman, em sua coluna no New York Times, já especula se a reconstrução japonesa poderá significar para a crise atual do capitalismo, guardadas as proporções, o mesmo que a 2º Guerra mundial representou para o colapso dos anos 30. A reconstrução de uma sociedade rica, varrida, sucessivamente, por um dos maiores terremotos da história, seguido de um tsunami e agora às voltas com o risco de um armagedon nuclear, avulta como um enorme desafio de mobilização de recursos. Recursos ociosos não faltam na convalescença do colapso neoliberal. A crise de 2007 e 2008 abalou os mercados financeiros, mas a engrenagem da riqueza fictícia foi preservada por medidas anti-cíclicas amigáveis. Hoje, ela se materializa em surtos desenfreados de especulação e fome urbi et orbi. Falta a esse dinheiro errático uma rota de longo curso num mundo prostrado pela anemia norte-americana e européia que a China sozinha não consegue compensar. A tragédia japonesa pode significar para esses capitais a alavanca de 'destruição criativa' que esmigalha vidas e patrimônios, dissemina dor e fúria, mas reordena a reprodução desarticulada pelo excesso anterior? Resta saber se o passo seguinte da tragédia inconclusa seguirá essa dinâmica reiterativa, ou se a memória viva de 2007/2008, catalizada pela dor descomunal do povo japonês abrirá espaço político para o surgimento de um novo Estado do Bem-Estar social na agenda do século XXI A ver vamos mas... Portugal não pode continuar a ser dado ao desbarato, hipotecado o futuro até dos que ainda não nasceram para que uma família de políticos e seus ‘amice’ sem se compreender o que os leva a praticar certo tipo de política de escravatura conduz, a não ser pelo maior defeito do homem: o 7º mandamento viva com garantias e num luxo palaciano. Não acredito nem quero que a Europa e Portugal em particular retome os processos da Revolução Francesa, não me apetece ver a Via dos Enforcados na Avenida da Liberdade ou na Praça dos Aliados. Não me apetece ter de explicar novamente a um sujeito mal encarado porque razão não obedeci ao que entendo ser uma lei que viola os meus direitos humanos – o uso da inteligência. Não vejo que se faça a Islândia em Portugal, mas até que ponto não é chegada a hora e a oportunidade soberana de virar esta página de democracia completamente conspurcada de ‘ditadores de meia tigela’ e criar-se um regime com base em PERSONALIDADES e não em personagens. Não sugiro a mudança de regime, ou talvez o esteja a fazer porque este já deu provas de incapacidade não fazendo esquecer os negros anos do Marcelismo. Ao senhor Sócrates fazia-lhe bem ter relido e revisto os seus próprios discursos e os dos seus ministros para perceber que de facto já dentro do Governo existia desconexão, não augurando nada de bom – já entrara num reinado sem rei, sem destino e sem bom porto à vista... |