Dois em um, e quando menos se espera a paciência desespera (Cito,1994)
Poderia dizer que fiquei pasmado ao ver o senhor Aníbal Cavaco e Silva na festa do PSD, ainda por cima a "botar faladura" como se não tivesse culpas no cartório no estado em que este Pais chegou. Reflecti desde esse momento se escrevia ou não, duvida que persistiu ate ao momento que o actual líder do partido numa clara demonstração de inquietude permite que se digam tantos disparates em nome duma partido e o próprio não consegue ter tento na língua ficando-se com a elevada impressão de estar um passo de numa consulta de rotina lhe ser concedida baixa detectada uma doença nova com a designação de "PsdediteAgudaCronica", maleita que a comunidade cientifica acredita incurável, algo que me leva decididamente a não votar no actual PSD, e mesmo quando associado a outros penso 3 vezes se o farei.
Todavia nem sempre foi assim, senhor presidente do partido. Houve um tempo que o fiz consciente, corria o ano de 1979 e concorria UD para a Câmara de Elvas, sigla que representava uma AD diminuída porque o PP Monárquico não constava da coligação PSD CDS, eleições que acabamos por perder mas que me deixou laços de amizade aquando por motivos pessoais e profissionais acabei por deixar aquela terra alentejana. Depois e já no Porto andei feito louco nas campanhas para as legislativas de 85 a 91, altura que, talvez pela idade e afazeres profissionais entendi haver coisas mais importantes para correr atrás, mas garantindo o voto no (PPD/PSD), quer em legislativas quer autárquicas, mas podendo o senhor presidente do partido e a quem lhe interessar, constatar que foram muitos anos a dar o meu "anónimo contributo", independente das rasteiras que fui observando e diria sentindo.
Mas, diz o ditado, tantas vezes o cântaro vai a fonte que um dia, e um dia, coloquei definitivamente uma cruz na sigla PSD, corria o ano de 1994, o que me levou a votar em branco no ano de 1995. Tomei essa decisão por entender que nenhum partido estava de acordo com a mina visão do país real que conhecia e também porque os lutos, mesmo políticos, carecem de tempo para voltar a encetar novas uniões.
Evidente que não se cortam relações por dá cá aquela palha, e sou dos que para o fazer tenho inequivocamente ter motivos fortes, e tive-os na altura, e de tal forma me marcaram que tarde ou nunca voltarei atrás com a decisão. Resulta portanto que o partido que um dia escolhi, e que tinha um líder chamado Sá Carneiro passara a ser um mero conjunto de pessoas que se reúnem em torno duma sigla para, em conjunto obterem vantagens da mais diversa ordem.
As razões são simples explicáveis e rápidas de contar, já que em finais de 1993 Manuel do Nascimento Oliveira acamou, e o filho teve de o colocar num lar. O homem viera de Angola em 1982, com a saúde já bastante detriorada. Contribuíra com os impostos que o Governo da Nação exigia e durante o tempo que a Província de Angola foi território português, ou seja 11 de Novembro de 1975, data da Independência.
A vida por vezes madrasta prega-nos rasteiras, e ele jamais imaginaria o que lhe viria a acontecer; nem ele muito menos o filho, e chegado ao extremo das posses financeiras para o manter o pai no lar, estando sozinho e a sua profissão obrigá-lo a ausentar-se por períodos superiores aos que seria conveniente deixar alguém acamado por conta própria, teria de manter o pai no lar, solicita a quem de direito que fosse atribuída uma Reforma por Invalidez, era nesse tempo PM o professor Cavaco e Silva e Ministro do Emprego e da Segurança Social o ora já falecido Falcão e Cunha, processo que se compreende moroso, entrando-se no ano de 1994 sem que a resposta viesse.
Mas a resposta veio clara e inteligível. o "Manuel" cidadão português nascido em Portugal, filho de portuguesa nascida igualmente em solo lusitano e de um homem que vestiu a farda da tropa portuguesa na II guerra mundial e andou em terras de França a combater os "alemãezinhos" que queriam fazer da Península Ibérica uma oficina com mão de obra barata e pelo excelente clima estância de ferias de verão, "não tinha direito a Reforma por Invalidez por nunca ter descontado em Portugal".
Senhor actual presidente do PSD, senhor ex PM ex PR, senhores Deputados eleitos nas diversos actos eleitorais, filiados e simpatizantes, tudo o que se passou nessa altura podia até ser relevado pelo filho, não fosse o facto de, quando a carta chegou com a resposta já o homem se encontrava sepultado no cemitério de Leça da Palmeira.
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Adolfo Castelbranco d'Oliveira
8/8/2017