Se eu pudesse oferecia este poema aos Ministros de
Portugal mas eles desconhecem o que significa certo número de termos
utilizados, e o valor da linguagem portuguesa sem acordos, razão pela qual vai
só para as minhas gentes.
Aproveito para informar, que ontem mesmo fui convidado para ser um dos cabeça
de cartaz da Poesia,( próximo dia 8 de Março - dia da
mulher) numa evento da Lusofonia.
Quanta surpresa, e quanta honra...
UM PRISIONEIRO EM LIBERDADE
Sinto que
me falta escrever u’ grandiosa história
sustentada
por notas colhidas nos cajueiros
dando cor a
quadros de tão viva memória
tempos idos
em que rabeava com cães rafeiros;
_
vitralizar com arcos uma majestosa ponte
edificada
com pedras de Punguandongo
para ligar
a lua ao largo Maria da Fonte
pasagem por
Catete em direcção ao Dondo.
Trocarei
‘capítulos c’ Cravos (!) por Maboque,
a Serra da
Estrela pela Tundavala
festivais
de fado por batucadas sem rock,
praias
algarvias pelo cheiro duma sanzala;
_ pelas
encostas dum Douro cacheado d’uvas
às
ondulantes searas alentejanas
resumirei,
deitado ao sol das Mabubas
a catinga
do sisal contra o feitiço das canas
Colocarei
se à falta, ‘chatas’ no rio Bengo
nunca
comutadas por velhos cacilheiros
espantando
gaivotas; _ e o poeta lendo
passagens
sobre funerais de guerrilheiros
sem a
tradicional missa de corpo presente,
viúvas de
chapéu alto e malas Vuitton
notando-se
indelével o luto ausente,
incomparável
‘peles vestidas doutro tom
Sem
milongas q’ invertam do acto o curso
agonizo
perante ‘falta de trovoadas tropicais
quando curo
bebedeiras com o absurdo
d’
equiparar lezírias à vastidão dos capinzais
ao passear
nas ruas duma qualquer cidade
vendo-me em
películas d’ raros personagens,
e longe da
terra concluo c’ picadas de verdade
sempre ter
vivido preso àquelas paragens.
Deste
sofrido poema serei único probante;
_ notando a
ausência dum ou outro velho amigo,
enternecedores
beijos da última amante,
prefácios
que transporto ad eterno comigo,
na
tentativa egoísta de suspender o tempo
vou
driblando planetas, misturá-los cu’ lente,
disseminando
os fusos horários pelo vento
para q vos
entregue este poema de presente
Cito Loio
3 a 6 Fevereiro 2014