Prémio Camões
Não sei como homenagear
Mia Couto!
Talvez a melhor forma seja dedicar-lhe um Fado e algo que Luís Vaz talvez não fizesse por tão medíocre a minha arte
LUSITANIA
EPOPEIA
Canto
Único
1)
Conto-vos
gratuita esta amásia história
em
formato escrito pouco habitual
despretensiosa,
e quase um tanto original
evocando
‘simplicidade (às vezes) glória
em
retratos de uma verdade absoluta
tirados
por bravos que se fizeram à luta
2)
-
Corria o ano de mil cento…coisa e tal
um
jovem (!) arreava na própria mãe
enxerto
de porrada e beijos também!
-
Corporalizado sonho fundava Portugal
ainda
sem se entoarem hinos ao mar
ou
fado participar nas lutas ao luar
3)
Moço
forte de espada de aço em riste
estocadas
directas, até ao centro
marcava
nos pinhais terreno adentro
fronteiras
num mapa que ainda existe
desconhecendo
a pátria um dia rendida
e
a língua ultrajada, na terra vendida.
4)
De
caminho para sul vencendo o mouro
desenhava
com mestria a Lusitânia
vergando
quem em si lançasse a infâmia
tentando
corrompê-lo a coberto douro
num
exemplo às futuras gerações
cantado
q se veria em diversos pregões
5)
Guimarães
fora primórdio da epopeia
que
daria ao povo, multiplicada a raça,
títulos
de grandeza, e de sua graça
inúmeras
histórias; _ quem souber as leia!
-
Falam de brancos, negros, mulatos
verdade
c mentiras em múltiplos relatos
6)
De
Henrique a Teresa, indo-se por Urraca,
rezou
o pergaminho, aliando Egas Moniz
nem
sempre sabido, c desfecho feliz,
misturando-se
palácios à indígena barraca
na
ocidental praia, avistando no horizonte
arco-íris
onde s’ edificou simbólica ponte
7)
Estocada
em cavalgada, rei e reinante
definiu
sua pátria Afonso o primeiro
“Conquistador”
e gentil guerreiro
remontando
a aparição de outro infante
que
dos Algarves ordenaria seguir nova rota
desbravando-se
mares com simples frota
8)
Dificultava
o mouro do território ordenação
impelindo
o jovem já elegido monarca
dirigir
atenções para registo de uma marca
num
esforço homérico erguida a nação
remetendo
o Condado pra terreno histórico
num
modo, q o Papa reconheceria lógico
9)
Entre
lutos, decapitações, casamentos
foi
germinando, adverso a mundos e marés
país
inexperto com cabeça tronco e pés
numa
península assolada por ventos
esgrimida
nova linguagem com expressão
irmanada
a Castela, já c Portugal no coração
10)
Afonso
Henriques já reinava resolvendo
sucessão
ao trono: Sancho nascia!
a
quem no berço o pai já lhe incumbia
defensa
da sagrada terra, como se prevendo
que
um dia, exércitos munidos de canetas
assaltariam
a pátria-mãe s’ toques de cornetas
11)
Na
vertical do lugar escutava-se fero bramir
das
espadas num afrontamento ao infiel;
_
mas se a vitória lusa era provável
outros
desafios se veriam c bravos a fenir
oferecendo
peito às balas contra o terrorismo
em
terras desconhecidas, sem baptismo!
12)
Cavalgava
nobre ao Porto dono da terra
Viana,
Vila Real, Lamego, Aveiro, Coimbra
sabido
mais além ter Setúbal e Sesimbra
após
passar Lisboa, avistando a serra
fronteira
do Alentejo, além de Viseu
agradecendo
ao senhor tudo o que já seu
13)
Que
trovador tão épicos tempos cantaria
se
capaz d’ esquecer do sangue vertido
contendas
ferozes, e como prémio recebido
feudos;_
a outros a morte bastaria.
-
Nascia o mais antigo país da velha Europa
um
desmembrado à causa doutra tropa.
14)
Mas
Afonso I, ignorante em futurologia
dava
corpo ao manifesto reunindo a corte
pejada
de duques, clero, gente torpe
bastardos
esquecidos duma mãe q gemia!
_
mais a poente, a plenas águas atlânticas
os
arquipélagos d’ estranhas semânticas
15)
Tão
curta a vida para um tão longo penar
entristeciam
o coração do jovem rei
crente,
devoto, mas impondo nova lei
que
em Portugal era crime roubar, matar
desconhecendo-se
até então a gravidade
da
corrupção, mesmo à sombra da caridade
16)
Legava
ao povo o primado da decência,
honra
às gentes independente a condição
leis
feitas pelos ditames do coração
em
serventia a Deus devendo-lhe obediência
do
povo, q mais tarde carregaria nos costados
o
genocídio, decretado por mercados.
17)
O
mar que s’ acostava na berma das praias
trazia
às areias perfumes africanos
de
mulheres trajando vestidos sem panos
nada
comparadas às civilizações Maias;
_
Lá para longe sentia o rei haver mais mundo
Fora
do alcance. – Afonso calava fundo.
18)
A
velhice traía-o nas voltas da lua a cada mês
enfraquecendo
músculos, mais q a alma.
-
Pegando “o bravo” noutra mão uma palma
corria
pelo filho já perdida a pequenez
fraquejando
dia após dia, vendo de perto
fim
para um sonho, que se anunciava certo
19)
Solidificara
a nação, e varão já experiente
reinava
com fito de prevenção solidária
defendia
seu povo, de vis intenções partidárias
visando
aumentar para uns expediente,
e
para a maioria, morte sem caixão.
-
Afonso deixara claro, notório rotundo não!
20)
Portugal
erguera-se sem distinção ou casta
_
mães, todas, pariam c’ a mesma dor
filhos,
lutando ao lado do amo e senhor.
-Olhando
a planície o rei pensou que vasta!;
_
a caminho d’ Antárctica para lá de Gibraltar
só
era permitido, c’ Sancho na garupa, sonhar
21)
Num
tempo em que se media o tempo
cumprida
por vales e montes missão, de retorno
sentiu
Afonso chegada hora do abandono
por
nada servir a coroa vindo desalento.
-
Dizia o conquistador e por já ‘conquistado’
levai-me
senhor e perdão por ter pecado
22)
Das
Cantábricas montes da vizinha Espanha
aos
Pirenéus de uma Gália confusa
os
trovadores encontravam a sua musa
nas
batalhas travadas, e da guerra ganha
em
território diminuto sem heresia
tornado
independente pela força da mania
23)
Das
exéquias que se não tussa ou muja
preparava
a morte, cruz e espada ao peito
homem
e guerreiro que vivera a seu jeito
sem
permitir ver-se armadura suja
-
Se curta era a vida para tão larga vontade
restava
o adeus à pátria com saudade
24)
Deixaria
vincada forte firme personalidade
primeiro
rei dum povo q grande se faria
ombreando
com Galizza Castela e Andaluzia.
-
Bastardo ou não c’ título d’ honestidade
defendia
a moral contra gente corrupta
negando
à história ser filho de prostituta
25)
Enlutada,
mulher amante mãe d’ alma ferida
não
foi cantada em poemas c’ Viriato
mas
falando nas procissões de um pacto
que
obrigara Roma a dar-se por vencida.
- 6 de Dezembro de 1185, contas q Deus fez
batalharia
Afonso, vencido, a única vez
Cito Loio