quarta-feira, agosto 31, 2016

Suores doutras vaginas


Mantive presente o seu amor até mesmo quando mergulhado em prazeres mundanos delirava encharcado em suores doutras vaginas.

E foram mais de quatro décadas a entalar uma recordação entre língua e dentes apara bafar um grito rouco de "amo-te Schi e amarei até que a morte nos una".

No virar de Agosto para o mês de todas as traições dedico este poema a todos os que ao longo desta única vida souberam respeitar o meu silêncio.



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POEMA PARA UMA VIDA


E brindei-me com pendões de candura, fiz do tempo toalhas para banquetes e entre mergulhos no areal da praia braçadas no mar por ondas com espuma cacei pirilampos embelezados de batôn ao entardecer.

Perigado sem desaproveitar infância ganhei jogos de macaca e cabra-cega erguendo taças de fresca limonada sorvetes de manga, tremoço, ginguba; _ marisco e cerveja estranhava paladar. 

Tardaria a primeira dilecção carnal que paixões solapadas davam fartura;_ hora de esgalhar duro e teso bicho molhadela no lençol ?– Só sem gemidos que o velhote dormia no quarto ao lado.

Levantada a gelosia da juventude, coçando jeans por esplanadas dos cafés, apreciava bundas de rijas cachopas (magalas pendurados n’óculos escuros cantante a pilhas sobre os ombros.

Chegava hora de perder a virgindade, sepultar ‘adolescência em tenras coxas lavar o corredor a pano com saliva, içar o mastro dar de provar baunilha…natas a enfeitar o «pai da humanidade»

De passagem por um insondado túnel pisados palcos, já investido de Homem saquei notas dos cornos dum touro numa garraiada, e sem pagar impostos que tal ficava a cargo de nha progenitor.

Numa última queima arrecadei o boneco rasgando cheques da dependência. - Pousadas Uzis e Kalash's pegava na G3 para espalhar com cinzas sonhos que tivera desconhecendo quão dura seria a luta.

Sem retorno escondi, por terras do bravo lágrimas para do nojo não fazer alarde.



Cito Loio
(Poemas sem data nem valor)
01 a 03 de Julho de 2016

segunda-feira, agosto 29, 2016

DIA EM QUE MICKEY DESAPARECEU




 [Ofereço este conto a José Luís Caldeira Fernandes (um amigo da facebook) que afinal depois de breve troca de mensagens concluímos que já nos conhecíamos há mais de 3 décadas, da cidade de Elvas, e por curiosidade, até moravamos no mesmo prédio e piso. 
Quando a FB voltou a publicar in mmemory o conto ESTRANHO MAS ACONTECEU ofereceu-me um rasgado e inesquecível elogio. Decidi acaso escrevesse  um novo conto lho dedicaria.
Para JLCF um grande abraço e que nunca lhe aconteça o que aconteceu ao Mikey]

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DIA EM QUE MICKEY DESAPARECEU


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Apanhou, de saída, um dos múltiplos livros de banda desenhada atirados despreocupadamente para cima da larga estante do escritório, ilustrações e narrativas, destinados a momentos de ócio, mas que infelizmente nem todos apreciavam optando por leituras intelectualizadas de Liev Tolstoi, Arkady Kaidar,Nikolai Gogol, Anton Tchekhov, e outros ainda que se  deleitavam com John Steinbeck ou Harper Lee. Neste campo, para além dos portugueses, há algum tempo colocara no fundo da prateleira Albert Camus, Thomas Mann, Alexandre Dumas ou mesmo Antoine de Saint-Exupéry, que para príncipe bastava os idiotas a mandarem piropos às mamalhudas que serviam às mesas nos Pub's e Cabarés normalmente situados em ruas ou locais escolhidos a dedo.

Antes de se fazer ao caminho olhou de soslaio o  calendário que marcava o dia 26 de Agosto de 1975 e reparando que o livro que pegara respeitava a um conto com Mickey, um dos personagens mais famosos de Walt Disney. Entretanto assomou à varanda do 4º andar do prédio da Cuca, contornando mentalmente o Largo Maria da Fonte  e distraídamente acenou um vulto que estava parado frente ao portão principal do mercado Quinaxixe. Rodando os calcanhares voltou para dentro da habitação, claro que a varanda fazia parte da casa mais voilá, afim de ver se tudo estaria desligado, e sacou as chaves do carro que tinha deixado na mesa de centro da sala de estar, saindo de imediato de casa não sem antes verificar se tinha fechado a porta à chave. Claro que estes pormenores são só para encher páginas, aliás como faz a maior parte dos escritores premiados, daqueles que gastam 10 folhas para explicar ao leitor que o criminoso subira 23 degraus para aceder à porta da vítima, e constatar-se no final de 10 minutos de leitura que o "futuro" morto não estava em casa, mas como não sou expert em retórica basta-me referir que o personagem principal chamou o elevador para descer ao rés-do-chão, opcção tomada, em vez de utilizar as escadas, dado o prédio ter apartamentos duplex e isso representar uma tarefa de descer 8 pisos e a perguiça (ok está mal escrito mas não me dou ao trabalho de verificar na google como se escreve Preguiça) últimamente andar no Ginásio e estar logo pela manhã fortíssima. 

Já na rua, quedou-se por breves instantes indeciso entre ir a pé ou de carro até à esplanada da Apollo XI, bar situado do outro lado da rua, bastando 1,30 minutos para atravessar o parque privado de estacionamento do prédio e a avenida dos Combatente para sentar o rabiosque e deliciar-se com Coca-cola e uma pedra de gelo. Para que ninguém fique na dúvida, foi a penantes, e a razão é simples: na véspera deixara o bólide estacionado em frente ao prédio onde se situa o bar. Um dos costumeiros gladiadores do Vodka com laranja comprara um BMW 2002 novinho em folha e desafiara o pessoal a curtir a noite pelas "boites" da city, aproveitando para meter inveja ao pessoal. 

Sentado a uma das mesas mais próximas da rua, deliciado com a coca, bebida evidente que dessas coisas não consumia - às vezes sacava uma liambazinha, mas até isso já passara à história -  começou a ler o livro quee continha não uma mas 4 histórias aos quadradinhos - e para não pensarem que estou na tanga a história começa com  Minie a entra em casa reclamando da trabalheira de ir às compras que para além de mais cansativo não se recebe e gasta-se sendo surpreendida por uma chamada do Mickey no gravador de chamadas, mostrando-se aborrecida por verificar que este estava cheio.

- Olá Minie...É o Mickey vizzz bzzz que ruídos são estes... e passando a outra gravação - Olá Mnie é a Clara-Bela... e entre uma e outra chamada a voz do Mickhey - Pchhhh.

Embrenhado na leitura não deu fé da chegada de Janino que se sentou sem um posso, e a escasso metro e meio atirando o maço de cigarros e a carteira de fósforos para cima do tampo ao mesmo tempo que estalava os dedos e esboçava um bocejo.

- Olá mano que lês algo sobre coitos ou andas outra vez numa de Immanuel Kant ou Jean-Jacques Rousseau
- Nada disso ano a instruir-me com coisas mais sérias...vê
- Walt Disney estás a ficar pirado ou andas a engongar erva
- Nada disso Janino apenas que ler essas obras cansam é só...letras negras sobre papel branco sem imagens é fastio completo
- Mudando de tema Gali onde vais logo à noite
- Ainda não decidi talvez vá passar parte da noite até à meia-noite em casa do velho ando ultimamente muito por fora e a minha mãe não merece tal ausência
- Acho bem mas é Sábado, dia de Flamingo do Quatro ou uma de penetra na festa da Milita que dá uma farra de garagem
- Se decidir ir ligo-te 
- Tchau mano
- Vai Jani.

Continuou a desfolhar o livrinho ao mesmo tempo que 3 mesas mais adiante um grupo de garinas riam a bandeiras despregadas por causa dum motociclista que no intuito de dar uma de corredor de fim de semana espetou-se ao comprido contra uma carrinha carregada de bananas, sendo maior o alarido e prejuízo material que os danos físicos do motoqueiro. Na verdade uma delas lá ia, entre risadas, dando uma espreitadela para o "Je", coisa que não o ralou, tanto mais que o pito era, mesmo sentada, um bom naco de carne virgem - penso - para não fazer juízos incorrectos, mas que se comia com ou sem hábito comia-se e disso não lhe ficaram dúvidas. No entanto fazia-se tarde e o amigo Gueiró não havia modo de dar à costa e a paciência começava a esgotar-se por ter de pegar ao trabalho precisamente às 13 h - havia obrigações a cumprir e não lhe pagavam para sornar ou ficar no paleio. Evidente a razão porque esperava por ele é algo que não interessa para aqui mas e segundo confidencia, não se tratava de negócio de neguinhas nem prá veia ou charros do sul, mas que fazia jeito falar com o tipo isso era certo e afirmativo.

Nada feito, chegava a hora de zarpar, olhar convidativo com um passear de língua ao bijou, uma saída quase acompanhada com os primeiros acordes da Marcha Triunfal de Verdi e um pensamento maldoso do tipo "a gaja tá no papo", como se tal coisa fosse o pão meu de cada dia - alguns escritores faziam já um aparte para explicaram como comeram o churrasquinho levando o leitor a sacar uma de rua da palma nº 5, mas cá o rapaz não é desse tipo de contador de balelas - daí se declara que nunca mais a viu, ou pelo menos julgo que que não a viu - pelo menos não tenho memória de me terem contado tal - e largando pela avenida fora deu asas ao pensamento repassando in memory a semana anterior, duríssima. Uma constante correria entre o emprego e os bairros circundantes, viagens onde não lhe apetecia  ir, mas o dever clamara mais alto que a vontade de bardinar.

Rolava a viatura, rolava a mente, rolavam outros e sentido contrário e 17 minutos bastaram para chegar aos estacionamento privado de empresa. Carro fechado à chave não fosse  diabo tentar algum amigo-do-alheio e 5 ou 6 horas depois estar lá apenas o lugar do estacionamento. O escritório como sempre, atulhado de papelada, pedidos e cunhas, insinuações e coisas do género. Preparado o dossier para o dia carregou no pedal e, 4 horas após a chegada estava com tempo de tomar uma café. Afirmo que 3 minutos sobraram para se sentar, novamente, e pedir um café sem natas e um copo de água, preferencialmente natural. Enquanto esperava repassou a sala dando conta de haver apenas 3 pessoas - o negócio não deve ir lá muito bem, permito-me que tal escapasse em surdina. Satisfeito com a prontidão do serviço, o sabor do café, a paz que pairava na sala, pago o devido voltou para o trabalho. Pouco havia a fazer o que proporcionou o nosso diligente e produtivo trabalhador largar a labuta à hora que previra dirigindo-se para o carro e já sentado, reclinando ligeiramente o assento, fechou os olhos. Estava definitiva e inequivocamente fatigado, não pela azáfama desse dia mas do acumular de tanto esforço, e nem sequer fora para proveito próprio.

O tempo passou, um pequeno e estranho ruído trouxe-o à vida e ainda meio ensonado sentiu o livro no colo resvalar para o chão. Algo não batia certo, a visão do espaço era totalmente distorcida da realidade, o tablier diferente, e a confusão na cabeça aumentava a cada segundo permitindo que a estupefacção fosse dominante. Olhando pelo espelho retrovisor viu que a fachada do edifício tinha escrito Caixa Geral de Depósitos. À frente, um estabelecimento tipo Café Central e descaído à direita outro café este com denominação Pastelaria Flor. Mas para ele o mais estranho eram as vestes dos homens e as botas que envergavam para além duma espécie de samarra tipo capote. Abanou a cabeça, olhou para o relógio e não queria acreditar. 18 h, o sol a pino, uma calor de rachar. No capô do carro o símbolo da Mercedes, e no banco do lado do condutor um periódico com a data de Agosto de 1979. 

Estremeceu, e após breves segundos, acordado e na plenitude de todas as suas faculdades não pode deixar de sorrir ante o que afinal acontecera. Bolas estava em Elvas, a cidade onde se estabelecera, e viu que recorria mentalmente ao processo de memorização, sub e inconsciente, o quanto presente ainda estava o passado e a certeza que o tempo era só a ponte entre dois momentos sem reticências mata-borrão apagador ou modernizados cleans informáticos. Surpreendentemente o cansaço pregara a partida de obrigá-lo a adormecer indevidamente e atirar-se para uma época que teimando esquecer sentia que se faria presente para o resto da vida. Soube nesse dia que nem o passar dos anos obscureceriam o que o cérebro gravava, decidindo naquela mesma altura, pudesse, um dia escrever algo sobre o que lhe acontecera, terminando com a afirmação que a Memória não se apaga, apenas e às vezes por motivos diversos não se recorda do que não se deseja ou quer lembrar.

Corria o mês de férias, calor tórrido, o panorama nacional pintado de fogos postos que destruíam matas e plantações, casas e casebres, mas e bem pior, destroçavam a vida de muita gente que passara décadas a lutar pela sobrevivência, saboreava na esplanada do café Sunset uma bica  normal, e qual espanto, quando reparo na chegada de um homem, já pintado de branco, bronzeado naturalmente, e cuja fisionomia não me era de todo estranha. Engoli em seco, a língua refrescou os lábios e os olhos abriram-se de espanto ao ver o dito sujeito parar em ferente da mesa e rasgando um sorriso de orelha a orelha exclamar.

- Tu! só pode ser o diabo pintado de anjo não me reconheces xé mano sou o Gali.

Levantei-me bruscamente e, empurrados pela força do destino deliciámos-nos com fraterno e sentido abraço. Como era possível que passados  41 anos  aquele bimbo se lembrasse de mim. E se dúvidas restassem desvaneceram-se quando disse, sem peias, mano lembras-te de ter falado daquela fresquinha da Apolo XI a última vez que nos encontrámos no bar do aeroporto em Luanda, ao que respondi afirmativamente levando com o desabafo em tempo real.

- A desalmada não descansou enquanto não me encontrou depois do empregado lhe ter dito onde morava e nome bolas só faltou dizer o nº da conta bancária
- Como sabes que foi assim
- Confidências da noite de núpcias 

Convidei-o a sentar-se, e ao mesmo tempo que falávamos do presente foi retratando a sua vida, divórcios, filhos que o tinham abandonado e o mal que os outros filhos lhe fizeram, enfim, um rol de agruras que somadas e colocadas no papel dariam para escrever um romance tão eloquente como Os Maias. Contudo a maior surpresa surgiu no preciso momento em que, ao elucidá-lo não ter sido a minha vida igualmente um mar de rosas, ter escrito um livro para carpir mágoas  e às vezes fazer umas crónicas do leitor para um Jornal Nacional, ter-me pedido na medida da minha disponibilidade se podia colocar uma pequena passagem da sua vida em forma de conto, acaso entendesse que teria algum valor o que contara, rematando o pedido com ar de grande diplomata.

- Quanto tenho de pagar pelo trabalho
- Vai-te catar Gali




Inácio
Agosto, 26/29 de Agosto de 2016
(Terminado às 00:53 Sábado)


sábado, agosto 27, 2016

PILARES DA MINHA VIDA



Quantas as vezes que mudei de rumo, reavaliei o caminho, intentei reconstruir os pilares da vida acabando por cair sem vacilar nos erros que farão parte da minha própria história.



Um dia, por certo, esbarrarei no último obstáculo e em definitivo encontrarei o fim da estrada, desde o dia em que cheguei ao momento em que partirei sem arrependimentos.



REVELIA DAS INVESTIDURAS


Passeio estremado envolto pela neblina
experimentand’uma olência indecifrável,
(composto de bravura com sagacidade)
solta no esvoaçar de uma fina cabeleira,
trânsito pelo quintal roncos de segredo
traduzido num vai não tenhas medo… 
…e no pentagrama desta quadra presente
versos para uma balada desconhecida,
mote aceite de uma revolução vindoura
que não se fará à revelia das investiduras.
- Cantando os poetas, dobrando ‘esquina
surge claro na praceta, vazio inegociável,
imagem retratada, precária virgindade 
desprovida de promessas, finda a feira,
mercadejando mil ilusões a custo baixo
panorama pictórico em que me encaixo.
-Aqui no palco de uma vaidade patente,
plano horizontal do desfecho da vida,
apetecia-me agarrar um pau de vassoura
e sem peias acabar com as cavalgaduras.
- Porém, instaurada ‘vernácula demagogia
atroz forma conspurcada de governação
eleita a ralé mandante, os pobres d’espírito
deleitam-se c’ doces chibatadas no lombo,
rogo destes e seguintes anos de tormenta
que a água quente afinal não esquenta;
_ sem que a revolta tome lugares merecidos
cai o povo da carroça, e os burros seguirão
admitindo c’ palmas abjecta escravatura
que lhe dará liberdade de votar com fome
- Num tempo que tombarão da noite fria
verdades sobre um passado sem revolução,
erguer-se-á ‘voz do último trovador lírico,
que jamais contando na dita Torre do Tombo
editará surpresas, sem ecrãs e sem anúncio,
poemas, que apercebidos, serão ‘prenúncio
do futuro facilitador das vidas dos bandidos
donos de nada, herdeiros duma nobre nação
submersa nas vagas oceânicas da desventura
já sem língua pátria que ao mundo incomode.

***

Num tempo q’ há-de vir restará meu sonho,
construído com pilares de dúvidas e certezas,
lavradas peripécias que ninguém exaltará.

***

Animados, sigam lendo que não me oponho,
pois chegado ‘dia nada tendo, sem tibiezas,
por vós, celso no Olimpo, este poeta chorará.

.
.
Cito Loio
Iniciado em 12/12/2015
Terminado em 11/01/2016









PILARES DA MINHA VIDA



Quantas as vezes que mudei de rumo, reavaliei o caminho, intentei reconstruir os pilares da vida acabando por cair sem vacilar nos erros que farão parte da história da minha vida.


Um dia, por certo, esbarrarei no último obstáculo e em definitivo encontrarei o fim da estrada, desde o dia em que cheguei ao momento em que partirei sem arrependimentos.


REVELIA DAS INVESTIDURAS


Passeio estremado envolto pela neblina
experimentand’uma olência indecifrável,
(composto de bravura com sagacidade)
solta no esvoaçar de uma fina cabeleira,
trânsito pelo quintal roncos de segredo
traduzido num vai não tenhas medo… 
…e no pentagrama desta quadra presente
versos para uma balada desconhecida,
mote aceite de uma revolução vindoura
que não se fará à revelia das investiduras.
- Cantando os poetas, dobrando ‘esquina
surge claro na praceta, vazio inegociável,
imagem retratada, precária virgindade 
desprovida de promessas, finda a feira,
mercadejando mil ilusões a custo baixo
panorama pictórico em que me encaixo.
-Aqui no palco de uma vaidade patente,
plano horizontal do desfecho da vida,
apetecia-me agarrar um pau de vassoura
e sem peias acabar com as cavalgaduras.
- Porém, instaurada ‘vernácula demagogia
atroz forma conspurcada de governação
eleita a ralé mandante, os pobres d’espírito
deleitam-se c’ doces chibatadas no lombo,
rogo destes e seguintes anos de tormenta
que a água quente afinal não esquenta;
_ sem que a revolta tome lugares merecidos
cai o povo da carroça, e os burros seguirão
admitindo c’ palmas abjecta escravatura
que lhe dará liberdade de votar com fome
- Num tempo que tombarão da noite fria
verdades sobre um passado sem revolução,
erguer-se-á ‘voz do último trovador lírico,
que jamais contando na dita Torre do Tombo
editará surpresas, sem ecrãs e sem anúncio,
poemas, que apercebidos, serão ‘prenúncio
do futuro facilitador das vidas dos bandidos
donos de nada, herdeiros duma nobre nação
submersa nas vagas oceânicas da desventura
já sem língua pátria que ao mundo incomode.

***

Num tempo q’ há-de vir restará meu sonho,
construído com pilares de dúvidas e certezas,
lavradas peripécias que ninguém exaltará.

***

Animados, sigam lendo que não me oponho,
pois chegado ‘dia nada tendo, sem tibiezas,
por vós, celso no Olimpo, este poeta chorará.

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Cito Loio
Iniciado em 12/12/2015
Terminado em 11/01/2016









sexta-feira, agosto 26, 2016

Obrigado "Senhor Manuel"

Maravilha! gramei com estas coisas desde que me lembro das correrias pelo quintal dos meus devaneios, fugindo da vassoura da minha avó, xingando o matumbo do fardelas que tentava engatar a sopeira da vizinha da frente, ou atirando paus ao Pitadas para ele treinar corridas ao sprint, e confesso, fugir da morte anunciada aos tímpanos pois quando se tem 10 ou 12 anos, e todo o mundo aos pés não há pachorra para escutar coisas sinfónicas.
Confesso contudo que isto ficou gravado na memória, foi ganhando cor e sabor e transformou-se com o decorrer das última 5 décadas num bálsamo para o corpo e a mente.






Obrigado "Senhor Manuel' por me ter deixado partilhar tanta genialidade.

quinta-feira, agosto 25, 2016

Aos políticos

Infelizmente não tenho dinheiro para oferecer prendas aos políticos portugueses, que para além de serem muitos, para ser justo teria de dá-las sem excepção desde 25/4/1974...

... e como ideias não custam dinheiro ofereço este vídeo com uma dedicatória.


(Masturbem-se em vez de andarem a sodomizar o povinho)


terça-feira, agosto 23, 2016

Havia homens honrados




Em memória dum Homem Honrado

Só às vezes me ataca a nostalgia. Nesses momentos  voo para tempos longínquos, abraço retratos imaginários, e vestindo calções de bambino largo a pedalar pelo quintal da casa da goiabeira.

É então que me dou conta do valor que herdei, da honestidade dum homem sem maldade, da miscigenação voluntária, e deixo uma lágrima lavar as mágoas do meu passado.

(para Lei)


Inácio

domingo, agosto 21, 2016

Feliz de mim, não tenho sogra



sou um gajo com sorte

sábado, agosto 20, 2016

NÃO MUDO

Decididamente sou contra o acordo ortográfico, a adulteração da história do povo português, borrar da memória os factos heróicos, negação da minha ascendência jamais privando-me de expor orgulhosamente a força da mina raça. Da mesma forma que na vida enfrentei as adversidades que o tempo foi colocando, assim estarei, a seu tempo, preparado para enfrentar o último adversário. Nesse momento quero ter a força suficiente para dizer, sem confissão, leva o corpo que a alma jamais a ganharás. 



Decididamente sou, e desde o início, contra...





 NÃO MUDO


A palmadas de uma professora com categoria aprendi que no alfabeto o A precedia ao B, ter o vocábulo Perspectiva um C antes do T;_ fui aprendendo, e fui estimando sem acordos cambalhotas com heroínas armadas em tordos, e a braços com um motim assente em devaneios vi aniquilada a esperança a gente de parcos meios fugindo na descolonização, que o tempo urgia.

Por tal embarquei centos de pesados caixotes altas horas por madrugadas demais perigosas, que num certo golpe não proliferaram rosas, as crianças carpiram por desconhecida razão já que ingénuas só mostravam medo ao papão;_ e eu, dançando ao som de balas caídas no zinco, dizia:

Sossegue minha mãe que já nem as sinto, os militares da metrópole são bons rapazotes

Ratatatata bumbum – e de facto nunca me despi ou mudei a roupagem afim de evitar assaltos, mas perante temporais arrepiantes nos asfaltos fez-se luz vendo outrora no Cabo das Tormentas avisos aos detractores (vós levareis nas ventas que outros antes se renderam ao bravo Lusitano) ignorando à posteriori rasgar-se na euforia ‘pano. Vindo o acordo (séculos depois) hei-me aqui para dizer em português

Não é desta que mudo mesmo desterrado, que a língua é minha desde puto.



quinta-feira, agosto 04, 2016

HOJE COMO ONTEM













HOJE COMO ONTEM



.
Limpei calmamente ‘tampo da sanita
emporcalhada por um aliviador cagalhão;
_ depois li no jornal, notícias d’ocasião
última página, foto duma gaja bonita,
e noutra, baptizado de futebolista cigano
na religião católica, e não é engano (!).


Aberto página de fecebook que espanto!
- Uma “setentona”, e toda aperaltada
(clarament’uma selfie bem trabalhada)
disfarçando um doloso e último pranto
antes de submetida ‘mais uma operação
para retirar rugas. - Chegara ‘Verão…


Farto de tanta imprevisível palermice
dei corda às sapatilhas p’airoso passeio
numa zona conhecida carenciada d’asseio;
_ e resmunguei soltando um - “Chatice,
só me faltava encontrar esta quarentona,
dona dum salão de beleza em Pamplona!”


Recordei imediato terras de Sua Majestade
e outras ainda (que ficavam mais além),
algumas que por muito afoito cruzei também
porém só uma deixara afirmativa saudade.
- De regresso à mansão, já bem moído,
estirei-me no sofá, repouso bem preciso.


(Escutei no rádio um fado melancólico.
- Quão afinal era meu amargar anedótico!)


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Coto Loio
(Poemas sem data nem razão)

 
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